Duas pessoas irão depor, nesta quarta-feira, 16, à tarde, na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), Baixa do Fiscal, no inquérito do assalto de pelo menos R$ 400 mil da empresa Transportes Urbanos União, ocorrido em 22 de março, na Avenida Barros Reis.
Em 23 dias de investigação, seis pessoas já foram assassinadas, uma está baleada e queimada no Hospital Geral do Estado (HGE), e mais 12 estão entre os suspeitos de participação direta e indireta no crime, incluindo mulheres, que seriam amantes e parentes dos ladrões e estariam com o dinheiro.
Vai depor Ludinice Ferreira dos Santos, a Lulu, viúva de Neidson de Santana Marinho, 24 anos, um dos sete assaltantes emboscados, crivados de balas e queimados em três carros, quatro dias após o roubo, no Centro Industrial de Aratu (CIA). Lulu depôs uma vez e negou o uso do dinheiro do assalto na compra de duas casas no IAPI. Porém a polícia localizou documentos dos bens, em nome dela, e o corretor de imóveis do negócio. Também vai depor o vendedor das casas.
Enquanto isso, Geraldo Carvalho Novaes, 23 anos, único sobrevivente nas emboscadas do CIA, está internado no Centro de Tratamento de Queimados do HGE, sem escolta específica e sem ter prestado depoimento no caso. “Um absurdo, pois, além de suspeito e peça fundamental para elucidação do roubo, é sobrevivente de chacina e pode ser morto. Se fosse policial, todos já teriam ido lá, para execrá-lo”, disse Crispiniano Daltro, presidente da Associação dos Investigadores Policiais Civis (Agepol).
GERALDO NOVAES – segundo os policiais Carlos Antônio Caúca e Ibirá Batista dos Santos, que prestam serviço na equipe de segurança da empresa assaltada, teria admitido participação no roubo e denunciado o suposto mentor, Lucas Lopes (quem os teria atraído à reunião que resultou na emboscada), e o chefe da gangue, Cláudio Campanha. “Campanha não autorizou o roubo, que foi feito liderado por Lucas, usando as armas da gangue. Ao ver as imagens na TV, ele identificou os comparsas e exigiu o dinheiro”, revelou Ibirá.
Além de refutar os boatos de que policiais estariam por trás das execuções dos assaltantes, os agentes disseram que não procede a informação de que o valor do roubo tenha sido superior a R$ 2 milhões. “Isso tem sido comentado, mas a empresa afirma que foram R$ 400 mil”, disse Carlos Antônio. Eles afirmaram que também estão investigando, em apoio à DRFR, e porque um dos seguranças da equipe deles, Almir Pereira das Chagas, ajudou os ladrões. “Deu o canal, viu que iria ser pego e fugiu”, disse Ibirá.
INQUÉRITO – A delegada Neide Barreto, que preside o inquérito, concorda com parte da versão dos agentes, mas ressalta: “À frente do caso está nosso chefe de investigações, Edilson Conceição, eles deram algumas informações”. Segundo ela, a DRFR tenta localizar a mulher conhecida como Meirinha, que seria amante de Jorge Souza, um dos mortos na chacina. No final da noite de ontem circulou a informação da prisão de Cláudio Campanha, na 8ª CP (CIA).