O que deveria ser um parque público com uma área de 150 mil metros quadrados, aberto ao lazer da população, na verdade, tem apenas 90 mil metros quadrados. O Parque dos Ventos, como será chamada a área anexa ao Shopping do Aeroclube, tem 60 mil metros quadrados a menos do que o anunciado.
A denúncia foi apresentada na manhã desta segunda-feira, 12, pelo arquiteto e diretor do Instituto dos Arquitetos da Bahia (IAB), Carl Van Hauenshchild, perante vereadores e participantes da audiência pública, realizada no Centro Cultural da Câmara Municipal, que discutiu o destino do parque, na Boca do Rio. As medidas tiradas pelo IAB não batem com as do projeto apresentado pelo Grupo Aliansce, empresa ligada ao Consórcio Parques Urbanos, que administra o local e também o Shopping Center Iguatemi.
De acordo com Hauenshchild, esta área que seria do Parque dos Ventos está incorporada ao Aeroclube Plaza na forma de vias de acesso e estacionamento. “Por lei e pelo contrato feito com a prefeitura, o shopping só deveria ocupar 14% da área, mas observamos que isso não vem sendo cumprido”, afirmou.
“Todos os números das nossas medições estão à disposição, pois constatamos que nos alvarás expedidos não há coincidências com os números de medições realizadas”, acrescentou.
O diretor da Aliansce Empreendimentos, e diretor do Iguatemi, Everton Visco, contestou todas as informações referentes à medição da área ocupada pelo Aerocliube, e de entraves com a prefeitura de Salvador por causa de débitos.
Contestação – Segundo Visco, que mesmo convidado não participou da audiência pública, “não há mais o que discutir sobre a questão de terras, pois tudo foi medido várias vezes desde 1999, e é um assunto superado”.
Ele alega que o impasse gerado na Justiça e as sucessivas ações impetradas por entidades, tem gerado um prejuízo mensal de quase R$ 1 milhão ao empreendimento, que, projetado para ter 130 lojas, hoje tem pouco mais de 20 funcionando. “Posso afirmar que se não se encontrar uma solução, preferiremos fechar tudo e ver no que vai dar”.
Segundo o procurador-geral do município, Pedro Guerra todo o acordo que resultou na autorização de ampliação do Aeroclube e, em contrapartida do grupo empresarial, na implantação dos Parque dos Ventos, foi feito com base em estudos técnicos e aprovado pela Câmara.
“Nada foi feito em prejuízo do município, depende agora da justiça, que levou em conta, no caso do embargo, uma permissão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por se tratar de uma área tombada”, explicou.