Ocupada pela sexta vez por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), a Fazenda Jacarandá, a 11 quilômetros da sede do município de Itabela (a 670 quilômetros de Salvador), tem um tamanho de 417 hectares (20 alqueires), abaixo do classificado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) como latifúndio, sujeito a desapropriação.
“Já tivemos muitos prejuízos com as invasões. Eles destruíram a sede da fazenda”, conta a bióloga Edna Laureana Paiva de Gonçalves, de 70 anos. A propriedade pertence à família Paiva Gonçalves de Oliveira desde 1928. A última invasão de 45 famílias ligadas ao
MST ocorreu em 22 de abril deste ano, mas, de setembro a dezembro de 2002, a área foi invadida cinco vezes.
Em todas as ocupações anteriores, a Justiça determinou a reintegração de posse a favor do proprietário. De acordo com Daniela Paiva, filha de Edna, a Justiça de Itabela já determinou a reintegração de posse, mas “queremos ter a garantia de que a área não será novamente ocupada”, lamenta Daniela, que está tentando fazer um acordo com os líderes do movimento para evitar novas invasões.
Desde 2003, a área estava arrendada por um prazo de 5 anos (que venceria em fevereiro de 2008), por R$ 30 mil, para um criador de gado. “Arrendamos para conseguir cobrir os prejuízos das outras ocupações. Cada reintegração de posse não sai por menos de dois mil reais. Temos que bancar também os caminhões para tirar as famílias da área”, revela Edna.
De acordo com a proprietária, nas outras ocupações, foram destruídas a casa da sede e a secadora de cacau. A Fazenda Jacarandá tem 417 hectares e possui uma área de preservação permanente, informou a proprietária, revelando que o plano dela e do marido, o médico Valter Oliveira, é transformar a área numa fazenda ecológica.
As famílias que ocupam a área informaram à equipe de A TARDE que não tinham informações sobre a ocupação. No último sábado, nenhuma liderança do grupo estava na fazenda. “Viemos de Itamaraju e não sabemos muito sobre a área”, disse o trabalhador rural Alírio Gonçalves dos Santos, que montava um barraco.
Por telefone, o líder, identificado apenas como Eginailson, disse que a fazenda é reivindicada pelo movimento por ser devoluta há cinco anos, possuir uma área de 30 alqueires e por sua proximidade com a zona urbana, o que facilita o escoamento da produção.