A primeira vez que realizaria um assalto, após ser convidado para a ação por dois conhecidos e vizinhos. O depoimento do jovem Renato Carmo de Jesus, 21 anos, foi idêntico ao que é dado quase que diariamente, em delegacias, por acusados de crimes logo após terem sido presos.
Assim se comportou o jovem, participante confesso do assassinato do sargento Teófilo Santos Matos, ocorrido em 10 de setembro, no bairro da Engomadeira. Ele foi preso por agentes da 5ª CP (Delegacia de Periperi), no município de Salinas das Margaridas (Recôncavo, a 229 quilômetros de Salvador), na sexta-feira.
Renato disse que o sargento Teófilo foi executado “por acaso”, ao ser reconhecido quando passava por ele e pelos dois parceiros identificados apenas como Chinha e Macaco, ambos mortos por policiais da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV), no dia 2 do mês passado.
“Eu havia me recusado a participar do assalto ao mercadinho e tentava ir embora, mas eles queriam me convencer, então surgiu o sargento e os colegas o reconheceram e atiraram nele”, relatou Renato.
Ainda segundo ele, por não ter concordado em ajudar no roubo e por ter corrido enquanto os parceiros matavam o militar, acabou sendo baleado no pé pelos próprios colegas, em retaliação. Ainda neste sábado, 15, ele foi transferido à Delegacia de Homicídios (DH), onde as mortes de policiais estão sendo apuradas por uma equipe especial.
“Independentemente de onde seja o inquérito, assim que soube que ele se encontrava escondido em Salinas, formei uma equipe e fomos lá. Gastamos dinheiro pessoal para realizar a prisão, mas valeu a pena”, disse o delegado Deraldo Damasceno, titular da 5ª CP, enquanto interrogava o detido.
Apesar de admitir ter conhecimento de que os amigos Cinho e Macaco eram envolvidos em diversos assaltos e até homicídios, na região de Tancredo Neves, Renato alegou que nunca havia cometido crime. Disse que aceitou participar do roubo ao mercadinho por estar desempregado e que, até ontem, seus pais não sabiam de sua participação no assassinato do PM. “Logo após, peguei minha mulher e fui para a casa de uma tia”, acrescentou.