Apesar de os municípios de Lençóis e Mucugê registrarem pancadas de chuva na tarde desta quarta-feira, 12, o fogo continua devastando a região. Até o fechamento desta edição, havia focos grandes nos municípios de Lençóis, nas regiões de Remanso e Morro Branco; em Mucugê, no Machobongo e em Gerais do Rio Preto; e ao sul de Andaraí. Em Mucugê, de acordo com os coordenadores da operação, a queimada segue numa linha crescente de aproximadamente 20 quilômetros.
“A chuva não melhorou. Em Mucugê, por exemplo, não choveu nas áreas atingidas”, explica Cezar Gonçalves, biólogo e chefe substituto do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), órgão subordinado ao Instituto Chico Mendes de Preservação Ambiental (ICMBio). O biólogo reafirma que mais de 50% do parque foi queimado desde o início de outubro, quando o primeiro foco surgiu no PNCD, em Ibicoara, ao sul. “Sabemos que queimou mais de 50%, mas ainda não é possível dizer quanto”, afirma Gonçalves.
Nesta quarta, A TARDE acompanhou uma equipe de 30 bombeiros, transportados por via terrestre até Remanso. Um helicóptero da Polícia Militar deu suporte à operação lançando água por meio de uma cegonha. As operações se concentram agora em Mucugê, para onde foram quatro aeronaves air-tractor de pequeno porte.
A previsão do tempo para a região indica possibilidade de chuva no sábado. De acordo com Cezar Gonçalves, os animais cujo habitat corresponde às áreas atingidas morreram queimados ou sucumbirão de fome. “Sem contar que agora é época de reprodução das aves, milhares de ninhos devem ter sido devastados. Aqui, há 200 espécies de plantas endêmicas, Mucugê é o habitat de pelo menos umas 40 ou 50 que só existem aqui”.
Segundo Gonçalves, é improvável que os animais sobreviventes invadam a zona urbana, devido à distância das áreas atingidas. “Não adianta tentar reflorestar, até porque não é como um jardim, onde você vai e conserta. O ideal é deixar a natureza se recuperar, pode demorar 10 anos. Agora, nunca mais a Chapada voltará a ser o que era antes em termos de biodiversidade ambiental”, diz. Já foram encontradas duas onças carbonizadas na região.