Fora da folia momesca e da paróquia, o religioso sai de cena durante bom tempo
Rodrigo Vilas Bôas
Ele não foi ao Carnaval e nem aparece mais maquiado e vestindo roupas exuberantes. Depois da chegada do Superior Geral da Congreção Vocacionista, Ludovico Cabultto, no último dia 21, padre Pinto saiu de cena.
Ao término de uma missa celebrada ontem pela manhã na Igreja da Lapinha, Cabultto informou à comunidade que o pároco viverá uma vida privada durante um tempo. Em outras palavras: ele continuará morando no bairro, dedicando seu tempo à pintura, mas não será mais o administrador da paróquia.
O superior italiano não quis comentar a decisão acertada na reunião entre ele e Dom Geraldo Majella, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Salvador, na manhã da última sexta-feira. Vocês, jornalistas, forçam o padre (Pinto) a dizer o que ele não quer, retrucou o religioso. Comentou brevemente apenas que ele não foi suspenso e nem punido.
Padre Pinto sempre procurou a imprensa para prestar esclarecimentos. Inclusive, em matéria veiculada em A TARDE no dia 9, há uma declaração dele fazendo referência à contribuição dos jornalistas. Meus pais agora são vocês, jornalistas, teria afirmado o religioso. Nessa mesma matéria, o religioso teria afirmado que Ludovico havia recomendado que ele fosse para Roma e ficasse longe da imprensa.
RETIRO A TARDE tentou entrar em contato com o sacerdote, mas as chamadas feitas para o celular dele não foram atendidas. O assessor de comunicação do religioso, Sérgio Bezerra, informou que padre Pinto está em um retiro na Ilha de Itaparica e deve chegar na quarta ou quinta-feira.
Segundo Bezerra, o religioso passará a morar em um quarto do fundo do centro comunitário, localizado ao lado da igreja da Lapinha. Em entrevista concedida à A TARDE, na última sexta-feira, Padre Pinto comentou que Cabultto teria dado um prazo de 30 dias para ele construir a sua dependência no Centro. Teria dito ainda que sentia uma sensação ruim em ter de deixar o lugar onde passou grande parte da vida.
O padre Roberto da Silva permanecerá à frente da administração da paróquia, como havia definido a Sociedade das Divinas Vocações. Ele continuará morando em São Caetano e irá ao templo para celebrar missas, realizar batizados e casamentos.
Fala povo - Padre Pinto deve continuar morando na Lapinha?
Adhir Souza de Brito
65 anos, agente de saúde
Acho que o padre não fez nada que possa ter afetado a moral dele. É um homem que sempre trabalhou em prol da comunidade. Acho certo ele continuar morando aqui.
Daiane Suede
21 anos, operadora de Máquinas
Espero realmente que ele continue aqui. Já ajudou muita gente da comunidade, fez creche e trabalhos sociais. É uma pessoa querida.
Edgar Gonzales
57 anos, taxista
A Igreja é fechada e conservadora. Foi a empolgação que levou o padre a fazer aquilo no dia da festa. Ele tem de continuar morando aqui.
Antenor Santos de Oliveira
70 anos, taxista
Ele deve ser punido pelo que fez dentro da igreja. Deveria pedir desculpas à população. Não deveria continuar morando aqui.