Além de reclamar da demora da prefeitura em dar o apoio prometido, padre diz ter sido ofendido por membro do cerimonial
CLEIDIANA RAMOS
A Festa da Lapinha, uma das mais tradicionais da cidade, que festeja os chamados Reis Magos e tem o forte apelo cultural e popular do desfile dos ternos, começou há dois dias em meio a polêmicas relativas à falta de recursos. A acusação dos organizadores é que o prometido apoio da prefeitura municipal até para a infra-estrutura básica, como iluminação não chegou a tempo. Ontem, mais uma queixa: o pároco local, José Pinto, cercado de outros representantes do clero e da comunidade paroquial, declarou que foi insultado por um membro do cerimonial do prefeito João Henrique.
Participaram do encontro o monsenhor Gaspar Sadoc, vigário-geral para o clero da Arquidiocese de Salvador; o monsenhor Waltério Gonçalves, chanceler da Arquidiocese; o monsenhor Valter Magalhães, capelão e diretor eclesiástico da capela da Vila Vicentina; o padre Álvaro Teixeira, vigário da Forania Cristo Rei e São Judas Tadeu, da qual a Lapinha faz parte; o padre Lázaro Muniz, assistente eclesiástico da pastoral da Juventude da Arquidiocese; o padre André Alexandre, pároco da Paróquia de São Cosme e São Damião, na Liberdade; e o padre Érico Pitágoras, pároco da Paróquia de Santana, além de representantes do conselho paroquial e dos grupos de jovens.
Padre Pinto, que é pároco da Lapinha há 33 anos, não revelou o nome da pessoa que o teria ofendido, apenas disse que ela se identificou como secretária do cerimonial. Afirmou que foi chamado de inconveniente, entre outros insultos. O incidente aconteceu por telefone. Ele afirma ter ligado com a intenção de convidar o prefeito para uma cerimônia, amanhã, quando haverá o descerramento da placa do monumento em homenagem aos Ternos dos Santos Reis, erguido na Praça da Lapinha.
De acordo com o padre, a festa começou na última segunda-feira sem nenhum tipo de infra-estrutura, como palco ou iluminação. No fim da manhã, ele foi informado que seriam disponibilizados quatro banheiros químicos. Como se isso fosse suficiente..., respondeu.
O monsenhor Gaspar Sadoc disse que foi prestar solidariedade a seu colega de sacerdócio. Além disso, a causa é tão bonita, pois é do povo e acima dele não existe autoridade nenhuma, acrescentou.
SEM APOIO O padre Érico Pitágora, titular da Paróquia de Santana, perguntou ao padre Pinto se não estaria havendo uma certa má-vontade da prefeitura em relação a festas católicas, com a inevitável referência à opção religiosa do prefeito, que é evangélico.
O pároco respondeu que prefere não acreditar que a opção religiosa do prefeito interfira em suas atividades como administrador. O que acho é que está faltando é habilidade a seus assessores.
A assessoria de comunicação da prefeitura argumenta que, embora não tenha conseguido identificar a pessoa mencionada pelo padre, acredita que o incidente não tenha passado de um mal- atendido. Afirma ainda que o prefeito João Henrique já assegurou sua presença nos festejos da Lapinha como em qualquer outra manifestação religiosa, e prometeu não poupar esforços para abrilhantar o evento.
PROGRAMAÇÃO
Hoje - Novena às 19h30
Amanhã - Noite dos ternos (logo após a missa, que começa às 19 horas, haverá o desfile dos ternos de reis)
Sexta-feira - Dia da festa
Missa às 7h30
Encerramento às 19h30