Coordenador do MSTS defende ocupação, dizendo que famílias foram cadastradas
Sylvia Verônica
Os terrenos ao longo da Rua Monsenhor Rubem Mesquita, que dá acesso à Estação da Lapa pelo bairro do Tororó, são alvo de disputa entre algumas famílias que lá acamparam no último Carnaval e o Movimento dos Sem Teto de Salvador (MSTS), que diz ter cadastrado famílias para ocupar a área e reclama o direito de ocupar lotes.
Ontem, prepostos da Sucom estiveram no local pela terceira vez e derrubaram quatro dos cinco barracos erguidos pelo MSTS. Facões e machados a postos, a equipe da Sucom colocou no chão pedaços de madeira, folhas de compensado e telhas de amianto. A derrubada dos barracos foi dramática. Cerca de dez pessoas dividiam o pequeno espaço de menos de cinco metros quadrados tentando impedir o desmanche e disputando o material destruído.
Uma parte foi colocada no caminhão da Sucom, mas muitas pessoas conseguiram recuperar materiais de construção que foram recolhidos, provavelmente para erguer novos barracos. Apesar da confusão, dos pedidos para que não houvesse a retirada e da presença da Polícia Militar, não houve agressão.
Um dia antes, cerca de 50 pessoas vinculadas ao Movimento Sem Teto (MSTS) somaram-se ao grupo e rapidamente ergueram os cinco barracos. A intenção era continuar o trabalho ontem. Ao que parece, o MSTS e a família que iniciou a invasão estão disputando o controle da área com interesse em lotear e vender.
São 300 famílias que não têm onde morar. Só queremos garantir um teto para elas. Essas terras são do Derba, não há intenção do governo em ocupá-las. Se deixarem a gente construir, vamos tirar os vagabundos daqui, afirma Carlos Reis de Jesus, um dos coordenadores do MSTS.
Maria das Graças dos Santos mora no Tororó, paga aluguel, não está cadastrada no MSTS e se diz indgnada com o controle do grupo. Tem muita gente precisando dessa terra e o MSTS só coloca quem quer, reclamou.
Os moradores de Nazaré e do Tororó estão preocupados e querem evitar a favelização da área. Na última quarta, uma comissão de moradores procurou o superintendente da Sucom, Paulo Roberto Meirelles, para exigir providências. A audiência estava marcada há mais de uma semana, mas o grupo foi atendido por uma assessora do superintendente.
Os invasores são moradores da área que, aliados às prostitutas que fazem ponto aqui, estão recebendo dinheiro de gente que pára em carrões. Acho que tem gente ligada ao tráfico de drogas com interesse em criar uma favela aqui. Até a fonte Menino Jesus da Lapa, que deu nome à estação, está destruída, comentou Adaildes Gusmão, de um dos prédios vizinhos à invasão, no Tororó. De acordo com moradores, a invasão estaria sendo coordenada por um ex-vigia de ruas adjacentes, Vilberto Almeida Lima.
Saiba mais
Em Salvador, falta moradia para pelo menos 100 mil famílias.
Este ano, 2.362 unidades habitacionais para famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos devem ser construídas, o equivalente a apenas 2,3% do déficit habitacional em Salvador.
Dezoito imóveis particulares ou públicos estão ocupados pelo Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB).
Fonte: Secretaria Municipal de Habitação