Cerca de 400 atendimentos de urgência prestados diariamente à população de Salvador podem ser comprometidos, a partir do dia 23 deste mês, caso os profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) paralisem as atividades, conforme decisão unânime da categoria, em assembleia realizada na última terça-feira.
Nesta sexta, 18, a Comissão de Mobilização em prol da Qualidade de Trabalho e do Serviço do Samu se encontrará com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para apresentar as reivindicações que incluem reajuste salarial e efetivação dos cerca de 850 profissionais que atuam com contratos Reda (temporários) há mais de cinco anos (irregularmente, pois contrato é de dois anos, renovável por mais dois), além de pedirem concurso público para suprir a carência de médicos.
As condições adversas para prestação do serviço, outro ponto criticado pelos profissionais, pode ser vista no pátio da sede do Samu, no bairro de Pau Miúdo. Das 71 ambulâncias, avaliadas em torno de R$ 100 mil cada, 18 estão paradas por problemas técnicos, e outras 22 estão em manutenção numa oficina, nos Barris, forçando as equipes a operar com 31 ambulâncias (43% da frota).
Ainda no pátio, avista-se o acondicionamento inadequado de macas, em espaço que funciona como oficina, expostas às condições do tempo e à presença de animais. A higienização das ambulâncias é feita por condutores-socorristas, técnicos de enfermagem, enfermeiros e até médicos. Baldes quebrados e seringas descartadas em caixas compõem o cenário, onde sangue e dejetos humanos (vômito, fezes e urina) ficam pelo chão do local, após a limpeza.
Isto fere o Código Sanitário. A realização da limpeza por funcionários que têm contato direto com pacientes pode gerar uma infecção cruzada. O paciente pode ser infectado ou vice-versa. Além disso, não há funcionários para isso, afirma o técnico e diretor jurídico do SindiSamu, Paulo Iglesias.
Segundo a médica à frente da comissão, Maria do Socorro Mendonça, o quadro de médicos foi reduzido em 50%, pois muitos estão indo para hospitais privados, com salários melhores. Um médico do Samu recebe R$ 3,5 mil, e trabalha exposto a riscos na rua. No serviço privado, ganha, segundo ela, no mínimo R$ 6 mil. O serviço publico está investindo em fornecer mão de obra para a iniciativa privada. As pessoas recebem capacitação, depois pedem demissão por causa dos vínculos empregatícios precários, comenta a médica.
A TARDE tentou falar com o titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Gilberto José, mas a posição do órgão foi divulgada por meio da assessoria de comunicação, informando que o secretário está trabalhando para atender às reivindicações, algumas a médio e longo prazo. Descartou, no entanto, o aumento salarial dos médicos para R$ 9 mil, conforme o exigido. As providências imediatas são o conserto de ambulâncias e a reforma de instalações.
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