Cleidiana Ramos
A festa dos Santos Reis, celebrada hoje, tem um significado bem mais simbólico do que histórico para a Igreja. Também chamada de Epifania, a celebração, realizada pelos católicos de todo o mundo, é considerada a data da revelação de Jesus Cristo a todos os povos. De origem oriental, o nome epifania significa revelação e manifestação.
Embora, ao longo do tempo eles tenham recebido até nomes Baltazar, Gaspar e Melchior (ou Belchior) e tenha sido identificada até a cor da pele de cada um branca, morena e negra (que simbolizam os povos europeus, do Oriente Médio e da África) , os visitantes do recém-nascido Jesus e seus pais, Maria e José, não são sequer mencionados como reis na Bíblia.
A única menção aos magos é feita no Evangelho de São Mateus. A tradição passou a apresentá-los como reis, porque imagina-se que eram líderes de suas tribos, mas na verdade o que se pode entender pela narrativa é que eram sábios, estudiosos, diz o padre José Pinto, pároco da Paróquia da Lapinha, onde há a tradicional festa em comemoração ao dia de Reis, com os ternos, desfiles de grupos que entoam músicas e danças específicas para a data.
Na narrativa bíblica não há referência ao número dos magos. Mateus se refere a alguns magos do Oriente que são atraídos por uma estrela que identificaram em sua terra, o que lhes coloca na condição de estudiosos, cuja aparição atribuem a um recém-nascido rei dos judeus. Pela lógica, a primeira porta aonde vão bater é a do palácio do rei Herodes, então governante da Judéia.
Ele entra em pânico ao ouvir o relato dos magos. Por isso, decide consultar os estudiosos de sua corte, que falam de uma profecia sobre o nascimento do Messias, um líder religioso e político esperado pelos judeus, em uma pequena cidade chamada Belém. Herodes tenta usar os magos como espiões sem que eles saibam, dizendo que quer localizar o menino para lhe prestar homenagens.
Mas a verdadeira intenção de Herodes é matá-lo, o que vai ser desdobrado no conhecido massacre das crianças de Belém, destaca padre Pinto. Os magos acabam sendo avisados em sonho, por um anjo, ainda segundo a narrativa de Mateus, sobre as reais intenções de Herodes e retornam a sua terra por um outro caminho.
Presentes Ao encontrar o recém-nascido, sempre guiados por uma estrela, os magos lhe oferecem três presentes provavelmente, daí é que veio o costume de identificá-los como um trio. Aos pés do Menino Jesus eles colocam ouro, incenso e mirra, ofertas cheias de significado.
O ouro representa a realeza de Jesus, o incenso, sua divindade, e a mirra, a humanidade, pois era usada para embalsamar corpos, completa padre Pinto. Ao longo do tempo, as referências aos magos começaram a ficar bem mais ricas e os ternos alcançaram um lugar especial na cultura popular.
Embora não existam referências históricas mais precisas, além do relato bíblico, os Reis Magos ganharam até túmulo, que fica na catedral de Colônia, na Alemanha. Lá, há uma grande festa com desfile dos Ternos de Reis e distribuição de cerveja, relata padre Pinto.
