Convocação geral
Jairo Rui Matos da Silva
Depois de termos celebrado as tradicionais festas em honra do Senhor do Bonfim, no dia 15 de janeiro, devemos continuar com entusiasmo naquele trabalho miúdo de cada dia, o trabalho da evangelização, o trabalho da catequese para todas as idades e situações. Encerradas aquelas festividades, somos convidados a continuar com o aperfeiçoamento da nossa espiritualidade, com o aprimoramento da nossa conduta moral e comportamento religioso. As grandes solenidades religiosas não marcam o fim de uma vida cristã.
Pelo contrário, elas nos oferecem uma feliz oportunidade para nova arrancada em nossa vida de união com Deus, com a natureza, com o próximo e com toda a sociedade.
Para nos ajudar nessa tarefa de evangelização, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil nos apresentou um projeto, um plano de trabalho que já Começou em 2004 e se estenderá até o ano de 2007. Estamos, portanto, no terceiro ano com esse urgente serviço e responsabilidade de lançar a rede do Senhor na direção de todas as pessoas e de todas as estruturas da vida social, pois o evangelho não é só para o indivíduo, mas para a comunidade inteira. Lembremo-nos da palavra de Jesus Cristo que disse: Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo. (Mateus. 5,13.14).
A vida de Cristo é o grande modelo do nosso trabalho evangelizador e de nossas atividades pastorais. Em seu livro, o evangelista Marcos nos apresenta Jesus na cidade de Cafarnaum, participando de um encontro na sinagoga, onde transmitiu seus ensinamentos e curou um homem possuído por um espírito maligno. Jesus não escolhia nem lugar nem hora para revelar as verdades necessárias à nossa salvação e manifestar a infinita misericórdia do seu coração amorável. (Marcos. 1,21-23).
Na qualidade de seus discípulos, assim, também, devemos proceder freqüentemente, sobretudo neste ano em que lançamos para toda a nossa diocese o projeto de evangelização denominado Assembléia do Povo de Deus.
Evangelizar é estar disposto a enfrentar e a vencer, com a graça do Senhor, os variados desafios que, infalivelmente, vão surgindo em nossos caminhos.
Diante da massificação moderna das pessoas, o evangelizador há de empenhar-se na busca e na construção da identidade da pessoa, na conquista de sua liberdade e razoável autonomia. Numa hora em que muitos perdem o sentido de viver, sobretudo entre os jovens, é preciso testemunhar a santidade e a beleza da vida, através de uma profunda experiência de Deus, percorrendo, progressivamente e com destemor, o itinerário da fé, sem o que não podem ser sustentados os compromissos evangélicos e éticos e o edifício da santidade em direção ao reino definitivo.
Não nos esqueçamos de que, segundo o projeto Queremos ver Jesus, já mencionado, a ação evangelizadora da Igreja tem como objetivo fazer da comunidade eclesial um lugar de comunhão, transbordante de vitalidade, alimentada pela palavra de Deus, pela oração e pelos sacramentos.
Enfim, não podemos deixar de superar as contradições do crescimento econômico, cultural e tecnológicos contra a miséria, a fome e a exclusão. Tudo isso exige uma efetiva participação política, como ato de fé, atentos aos apelos de Cristo.
Enquanto caminhamos, oremos como o profeta Jeremias: Vós, Senhor, estais no meio de nós, não nos abandoneis, Senhor, nosso Deus. (Jeremias. 14,9).
Vamos todos, portanto, trabalhar, também, sob o olhar de Maria Santíssima, a estrela da evangelização.
Jairo Rui Matos da Silva - é bispo de Bonfim
Primeiro sábado
Pereira de Sousa
Neste primeiro sábado, que melhor falar da devoção ao Imaculado Coração de Maria e da devoção dos cinco primeiros sábados? Em Fátima, o céu abriu-se em chuva, de bênçãos para a humanidade. Quem ler as Memórias e Cartas da Irmã Lúcia, Porto, 1073, encontrará muitas revelações sobre esta devoção dos Corações de Jesus e de Maria. A devoção dos cinco primeiros sábados foi a primeira aprovação de Fátima pela santa Igreja, na pessoa do bispo de Leiria, D. Manuel Correia da Silva, o anjo de Fátima, como começaram a chamá-lo pelos muitos favores que concedeu ao movimento das aparições e a apresentação da devoção dos primeiros sábados.
Vejamos uma das narrativas da irmã Lúcia nas citadas Memórias. Depois que em julho, no sagrado como já deixo exposto nos disse que Deus queria estabelecer no mundo a devoção ao seu Imaculado Coração, que para impedir a futura guerra, viria pedir a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração e a comunhão reparadora dos primeiros sábados, falando disso entre nós.
A Jacinta dizia: Tenho tanta pena de não poder comungar em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Já disse também como a Jacinta escolheu, entre a ladainha de jaculatórias que o senhor padre Cruz nos sugeriu a de Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.
Às vezes, depois de a dizer acrescentava com aquela simplicidade que era natural: Gosto tanto do Coração Imaculado de Maria! É o Coração da nossa Mãezinha do Céu! Tu não gostas tanto de dizer muitas vezes: Doce Coração de Maria, imaculado Coração de Maria?! Eu gosto tanto, tanto (p. 227 das citadas Memórias). Não devo alongar meu comentário pois as referências aos Corações de Jesus são muitíssimas na memórias de Lúcia. Passemos ao que o senhor bispo da Leiria aprovou sobre a devoção dos cinco primeiros sábados.
Primeiro, devemos fazer uma confissão bem-feita. Depois passamos um quarto de hora em companhia de Maria, em meditação, rezando o terço pela conversão dos pecadores. Fátima só visa à salvação das nossas almas e a conversão dos pecadores. Causa-me espanto que alguns teólogos europeus neguem sobrenaturalidade de tudo que aconteceu em Fátima, naquele longínquo 1917. Tão simples e tão belo.
Os primeiros cinco sábados são um resumo das nove primeiras sextas-feiras do Sagrado Coração de Jesus. Quer a devoção das nove primeiras sextas quanto a devoção dos cinco primeiros sábados são para nossa salvação e o desagravo dos sagrados Corações. É da nossa salvação que se trata. Nas promessas de Jesus está a de que não nos deixará morrer sem a sagrada comunhão da última hora. Repito, não sei como há pessoas que desprezam as devoções das primeiras sextas e dos primeiros sábados.
Se alguém nos impingir a pecha de fanáticos, deixemo-los para lá e salvemos nossas almas, desagravando os Corações de Jesus e de Maria. Vivendo numa sociedade iconoclasta, afervoremo-nos cada vez e garantamos a nossa salvação e a conversão dos pecadores. À virulência com que chamam de fanáticos, respondamos com a salvação deles e nossa.