Por receber um voo diário direto dos Estados Unidos – e passageiros vindos do México, através de conexões que partem de São Paulo –, Salvador entrou no rol das cidades brasileiras em alerta contra a gripe suína. Mas apenas nesta terça, dia 28, devem ser tomadas ações de prevenção no aeroporto internacional da capital baiana.
Desde da última sexta-feira, o Ministério da Saúde determinou o monitoramento dos viajantes das áreas afetadas que chegam aos terminais aeroviários de São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Fortaleza, além de Salvador. Contudo, medidas básicas, a exemplo de avisos sonoros e distribuição de folhetos explicativos sobre a doença, ainda não foram tomadas.
Técnicos da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmaram que houve fiscalização no voo da American Airlines que chegou de Miami na manhã de ontem. Nenhum caso suspeito foi identificado na cidade.
Não havia quem prestasse informações para passageiros que desembarcaram oriundos da capital paulista, ponto de conexão para Salvador para quem chega do México, país onde o surto da enfermidade teve início. “Ninguém me passou nenhum dado a respeito deste assunto”, disse a professora baiana Eleneuza dos Santos, 38 anos.
Folhetos – O diretor-geral da Anvisa, José Agenor Álvares, disse, em Brasília, que, desde sexta-feira, 20 mil folders foram enviados ao aeroporto de Salvador. Mas eles apenas devem começar a ser distribuídos hoje aos passageiros. Os folhetos, escritos em três idiomas – português, espanhol e inglês –, informam os sintomas da doença e recomendam àqueles que chegarem do México, Estados Unidos ou Canadá que procurem o hospital mais próximo. Deverá ser entregue um milhão de cópias do folheto em todo o Brasil.
A doutoranda em ciência política na Cidade do México Gil Moreira, 28, chegou a Salvador há uma semana. Ela não apresentou sinais de que esteja com a doença. “No dia em que viajei, não vi pânico na cidade. As pessoas levavam a vida normalmente” explicou Gil, que tem formação em relações públicas.
Um pesquisador da universidade onde ela estuda está internado num hospital da capital mexicana e apresenta sintomas da gripe suína. “Os coordenadores vão se reunir para decidir se as aulas serão adiadas”, revelou Gil, que tem viagem de volta marcada para a semana que vem.
Porto – Já no Porto de Salvador, o nível de alerta é menor. O diretor de revitalização e modernização da Secretaria Especial dos Portos, Antônio Netto, informou que deverão ser usados os planos de contingência contra a gripe aviária. “Na verdade, esses planos são contra a disseminação do vírus influenza. Navios de regiões de risco passarão por verificação imediata”, disse. Informações da Companhia de Docas do Estado da Bahia (Codeba) dão conta de que nenhuma embarcação da América Norte aportará na capital baiana esta semana.
A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou, pela assessoria de imprensa, que deverá divulgar hoje um documento de orientação técnica, após receber as diretrizes vindas das esferas federais de saúde.
Caso surjam casos suspeitos da gripe suína em Salvador, os pacientes deverão ser encaminhados ao Hospital Octávio Mangabeira (Pau Miúdo). A diretora da unidade, Maria Inês Farias, afirma que o hospital está apto para fazer o atendimento. Ela ressalta que serão adotados os procedimentos do plano de contingência para contenção de viroses mais graves, os mesmos que seriam utilizados para casos de gripe aviária. “Diariamente lidamos com isolamento respiratório, o processo já é normal para nossos profissionais”, pontuou.
Viagens – A médica infectologista Ceuci Nunes, atual diretora do Hospital Couto Maia, ressalta que não há motivo para pânico no Brasil neste momento. O alerta deve ser feito para quem vem de áreas onde há casos da doença e para quem mantém contato com essas pessoas. Deve-se também evitar viagens para as regiões onde foi registrada a presença da gripe suína. Quem apresentar sinais deve procurar o posto de saúde mais próximo.
O diretor da Fiocruz na Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis, afirma que a unidade do Estado baiano possui um laboratório de segurança de nível três. Ele informa que a ala possui infraestrutura adequada e pode ser usada no diagnóstico sorológico ou molecular da gripe suína.