Às vésperas da festa de 2 de julho, que marca em 2008 os 185 anos da independência da Bahia, os preparativos estão a todo vapor. Na Lapinha, as reformas no Pavilhão 2 de julho devem encerrar na próxima segunda. Nele, as homenagens aos heróis da independência estão gravadas nas paredes, e os carros do caboclo e da cabocla permanecem até a sua saída na manhã do dia 2 de julho. "Os trabalhos começaram há cerca de um mês. Nesta última semana aceleramos mais o ritmo para que no dia 1° de julho o Pavilhão esteja funcionando", diz o restaurador encarregado da Superintendência de Manutenção e Conservação da Cidade (Sumac), Pedro Hamburgo.
De acordo com Hamburgo, no dia 1° começam as oferendas ao caboclo e à cabocla, que representam o índio e povo brasileiro e a figura feminina e da liberdade sob a forma da índia Catarina Paraguaçu. "São flores, pedidos, bilhetes e outras oferendas que as pessoas fazem a eles, colocando tudo dentro dos carros", explica Hamburgo. Uma destas fiéis é a dona de casa Ana Maria Silva, de 56 anos. Ela conta que faz suas oferendas todos os anos e garante que os desejos são atendidos. "Seja muito ou pouco o que se pede, se realiza. E para garantir, eu coloco as flores nos dois carros", diz.
Quando começou a acompanhar o 2 de julho, Ana Maria tinha 24 anos. De lá para cá, comparece religiosamente à festa. "Todo ano é bom. Muita gente vem assistir e participar, também tem os carros dos caboclos e o Largo da Lapinha que fica todo enfeitado. É bonito de ver!", conta. Além das oferendas, Ana Maria enfeita sua casa com flores e outros ornamentos por conta da festa. "Quero ver mais gente e mais coloridos nas ruas este ano", deseja.
Além do Pavilhão na Lapinha, reparos para a festa também acontecem em outros bairros da cidade. Em Pirajá, alguns monumentos estão sendo restaurados, como o Panteon, os medalhões e o busto do General Pedro Labatut. De acordo com a arquiteta Estela Vaz, gerente de Sítios Históricos da Fundação Gregório de Mattos (FGM) e responsável pela restauração dos monumentos históricos no circuito 2 de julho, os reparos acontecem uma vez ao ano e já começaram há dois meses. Um dos encarregados da restauração externa do Panteon e Igreja de São Bartolomeu, no Largo de Pirajá, Edvaldo Barbosa, conta que a reforma já está perto do fim para que no dia 1° de julho o Panteon esteja pronto para receber o fogo simbólico vindo de Cachoeira.
Os carros do caboclo e cabocla também passam por uma restauração. A pintura fica a cargo da FGM e a manutenção, da Sumac. "Como no ano passado uma das molas quebrou, neste ano repusemos todas, além de revisar as rodas, parafusos, essas coisas", conta o encarregado da manutenção mecânica dos carros da Sumac, Alírio Reis. Ele acompanha a festa desde os 7 anos. Desde que começou a trabalhar na prefeitura, integra o Batalhão Quebra-ferro, formado por 100 homens que puxam os carros. Neste ano, por um problema de saúde, não poderá participar.
De qualquer modo, a sua presença é garantida no 2 de julho. Para ele, é uma das melhores festas que acontecem em Salvador, ao lado da festa do Senhor do Bonfim e do Carnaval. O motivo é simples: "No 2 de julho, além da sua importância histórica, é uma festa do povo, de todas as idades e classes. Todos vêm assistir e participar".