O Ministério da Saúde lançou, na terça-feira, 24, um “pacote” de ações para melhorar o serviço de emergência em todo o país. Entre as medidas, está previsto o uso de 400 motocicletas (200 entregues até agosto) para agilizar os primeiros socorros, já que os congestionamentos do trânsito estão, em muitos casos, impossibilitando que o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegue a tempo de salvar vidas. Em Salvador, a prefeitura já utiliza motocicletas no Samu há mais de um ano para atender à população.
Ao todo, o Samu da capital utiliza quatro motocicletas. “Usamos as motos para atender principalmente situações de colisões no trânsito e patologias cardíacas. Nos casos mais graves, o tempo faz toda a diferença”, explica o coordenador interino do Samu, Jorge Serra. Ele conta que as motocicletas usadas atualmente são alugadas e que, com os recursos do Ministério, será possível ampliar este serviço e cobrir os custos de manutenção dos veículos.
Em um dia de trânsito razoavelmente tranqüilo, uma ambulância do Samu consegue atingir o tempo-resposta (a uma ligação) de 10 minutos, considerado o ideal, enquanto que a motocicleta pode chegar em cinco minutos, afirma o técnico de enfermagem e motociclista do Samu, Roberto Regis, 30. “Além de realizar um atendimento básico, que precede o trabalho médico e hospitalar, detectamos e comunicamos pelo rádio que tipo de medicação e instrumentos serão necessários para aquele paciente”, relata.
Regis conta ainda que, em muitos casos, os motociclistas evitam que uma viatura se desloque desnecessariamente, isto porque o trote ainda representa cerca de 40% das ligações feitas para o Samu. “É um trabalho arriscado, pois muitos motoristas não respeitam os que andam de moto, mas é gratificante. Nossa rapidez salva vidas todos os dias”, orgulha-se.
O número de motocicletas que a Bahia receberá ainda não foi definido pelo Ministério da Saúde, diz o diretor de atenção especializada da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), Renan Araújo. “Não temos o número, mas sabemos que, além de motos, estão garantidos pelo menos um helicóptero e uma ambulancha (unidade de atendimento marítimo)”, assegura.
As motocicletas do Samu de Salvador contam apenas com medicações e balões para realização de respiração assistida. Já as motos previstas pelo Ministério da Saúde, também chamadas de motolâncias, serão conduzidas por técnicos em enfermagem, capacitados para atendimentos em urgência. Eles terão suporte de um desfibrilador (equipamento usado para reversão de arritmias cardíacas) e um oxímetro (aparelho que detecta o nível de oxigênio no sangue do paciente), além de outros materiais usados para ocorrências clínicas e traumáticas.
“A prefeitura já fez o pedido de 80 desfibriladores, que devem entrar em uso até o final de 2008”, diz Jorge Serra. Ele ressalta a importância de uma atuação em conjunto com a Superintendência de Engenharia de Tráfego e com o Corpo de Bombeiros para que este serviço fique mais ágil e conectado.
Frente de atuação – as medidas do Ministério da Saúde vão além da implementação do uso de motocicletas. Até 2011, a iniciativa, composta por vários planos, prevê mudanças para adequar e qualificar o pronto atendimento que é oferecido à população.
Entre as ações estão a capacitação de 23 mil profissionais do Samu; a entrega de mais de 2.500 desfibriladores, que estarão em todas as ambulâncias do serviço; a aquisição de helicópteros; o mapeamento de possíveis desastres no país e a confecção de um plano de contenção; a criação de uma força de profissionais para atender acidentes com múltiplas vítimas; e a informatização das unidades que fazem o atendimento ao cidadão.