O tratamento específico do idoso pela rede pública em Salvador se resume ao Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi). Vinculado à Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), o centro tem ainda que estender os serviços a pacientes encaminhados do interior. A unidade possui 17 mil pacientes inscritos e realiza uma média diária de 600 atendimentos.
Segundo a diretora do Creasi, Mônica Frank, a equipe médica está muito aquém do desejado. Dos 11 componentes, apenas quatro são geriatras, sendo uma ela própria, atualmente em função de gerência. “A oferta de geriatras é muito aquém da demanda, mas vale lembrar que esse é um problema no mundo todo”, ressalva. A equipe é composta por 58 profissionais de saúde, entre dentistas, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos, além de médicos.
Apesar de estar disponível para a população, o serviço do centro não pode ser acessado espontaneamente. Para ser tratado pela equipe multidisciplinar, especializada em doenças da velhice, o paciente deve ser encaminhado por outro médico da rede pública. Ou seja, o idoso precisa passar pela longa espera característica do SUS e contar com a sorte de receber um diagnóstico eficiente.
A médica reconhece que um dos principais entraves ao bom cuidado do idoso é o despreparo profissional. “A rede só funciona bem se cada um fizer bem sua parte”, explica. Isso significa principalmente estar apto a identificar as doenças senis. “O Creasi pode ajudar a rede para que o médico entenda, por exemplo, que se o idoso apresenta tristeza sem motivo, isso não é normal, isso deve ser tratado”, diz.
Além disso,a demora entre as consultas também prejudica, já que o idoso precisa de acompanhamento constante, em função dos tratamentos longos e muitas doses de medicação. Para diminuir o déficit, o Creasi recorre ao Programa do Idoso, que treina os médicos da rede para atenderem melhor os pacientes da terceira idade. Segundo a diretora, em 2007 já foram capacitados quase 400 profissionais da área de saúde. Ela admite que não é o ideal, mas diz que o objetivo é melhorar a capacidade de diagnóstico e encaminhamento ao centro.