Único meio de transporte marítimo de passageiros regularizado pelo Estado da Bahia, o sistema ferry-boat inicia mais uma alta estação com embarcações com baixo índice de confiabilidade. Há seis ferries no sistema que podem ser utilizados pela população. No entanto, apenas três deles são classificados pela TWB, empresa concessionária há cerca de dois anos, como de alta confiabilidade para uso. Os demais, segundo o próprio presidente da empresa, Reinaldo Pinto, conferem segurança, mas podem apresentar alguma falha que impeça a saída.
Conforme ressalta, “a liberação para tráfego só acontece mediante a absoluta certeza de que não apresentará problemas”. A empresa já anunciou melhorias no sistema para os próximos meses e espera em dois anos oferecer serviço de alta qualidade para a população, com capacidade dobrada, conforto e disponibilidade de horários.
Nos últimos dois anos, nenhum ferry ficou à deriva no mar, entretanto, várias viagens foram canceladas e atrasadas, o que gerou tumulto e insatisfação nos terminais. As estatísticas apontam redução de mais de 30% no número de usuários nos últimos dez anos. Em 1996, cerca de 6 milhões de passageiros foram transportados. Em 2006, 4 milhões.
Os ferries de Salvador possuem mais de 30 anos de uso. O descrédito da população com relação ao sistema foi iniciado em 1996, quando houve a privatização e a Comab assumiu a gestão. Quando estatal, o sistema operava com oito ferries diariamente. Quem usa o sistema afirma que tem receio e pede melhorias. “As embarcações foram sucateadas e passaram a quebrar toda hora, chegamos ao caos e agora esperamos mudanças”, afirma o usuário Osvaldo Cruz, 57 anos. Há nove anos ele utiliza o ferry ao menos duas vezes por semana. “Viajo receoso”, diz.
A TWB promete que ainda este mês o ferry Maria Bethânia voltará à ativa, modernizado e com motores propulsores. Para este verão, há garantia da chegada de um ferry novo em janeiro, com maior velocidade e capacidade. O sistema também adotará, em dezembro, a bilhetagem eletrônica. Com o Smart Card TWB, as passagens poderão ser compradas pela internet ou em postos disponibilizados nos terminais de embarque.
AUMENTO – No entanto, os usuários também podem ser surpreendidos por um aumento da passagem. O contrato de concessão prevê reajustes anuais, o que ainda não aconteceu este ano. Para suprir o aumento da demanda na alta estação, o diretor-executivo da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), Antônio Lomanto Neto, garante que serão disponibilizados horários extras. “Basta haver solicitação do usuário”, diz. A partir de 20 de dezembro, a TWB diminuirá os intervalos de saída das embarcações.
Um segundo ferry novo entrará em operação em dezembro de 2008, segundo planos da TWB. Os dois equipamentos modernos vão operar com quatro motores e poderão ser movidos a diesel e gás natural. Eles terão maior potência e farão a travessia em cerca de 30 minutos – metade do tempo gasto atualmente. Os ferries atuais pesam em média 1.100 toneladas e gastam 280 litros de combustível por travessia. Os novos pesam 170 toneladas e consomem cerca de 60 litros de combustível.
Os ferries mais antigos passarão por troca de motores, e há expectativa de a TWB recuperar ao menos um milhão de usuários. Para este ano, a TWB confia ainda nos ferries Agenor Gordilho e Paraguaçu, que passaram por troca de peças recentemente. Os demais (Juracy Magalhães, Ipuaçu e Pinheiro) estão com equipamentos antigos e tendem a dar problemas com maior facilidade.
MANUTENÇÃO – Capitão-dos-portos, Maurício Groetaers Vianna garante que as embarcações do sitema ferry-boat são seguras. A capitania, responsável pela fiscalização, faz inspeções aleatórias diariamente, segundo ele explica. “Ser segura não impede que tenha algum problema devido à idade avançada. Mas são situações que não comprometem a viagem”, diz, para depois avisar: “É preciso que haja manutenção”.