O número de casos confirmados de Influenza A (H1N1) na Bahia subiu de 29 para 49, de acordo com dados divulgados na tarde desta quarta-feira, 22, pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). São 37 casos em Salvador e os demais estão espalhados por Cachoeira (3), Lauro de Freitas (2), Ilhéus (2), Porto Seguro (1), Guanambi (1) e Feira de Santana (1). Outros dois infectados foram turistas - um do Uruguai e outro de Maceió - diagnosticados na capital baiana e que depois retornaram às cidades de origem.
Nesta quarta, a Defensoria Pública da União (DPU) deu prazo de 48 horas para o Ministério da Saúde (MS) esclarecer como pretende ampliar seu estoque com medicamentos de combate ao vírus que já matou 29 pessoas em todo o Brasil. De acordo com o defensor público André Ordacgy, o MS possui apenas nove milhões de doses do remédio utilizado para combater a doença (Tamiflu), quando o necessário seriam 180 milhões de doses para tratar até 10% da população em casos de epidemias.
Na Bahia, todos os novos diagnósticos foram confirmados após exames coletados há mais de dez dias. A diretora da vigilância epidemiológica da Sesab, Alcina Andrade, garante que não há problemas com abastecimento dos medicamentos, que costumam ser enviados no prazo máximo de 48 horas após serem solicitados ao MS.
Alcina informa que o estoque no Estado é suficiente para atender mais 30 casos que necessitem do Tamiflu e lembra que poucos pacientes na Bahia exigiram o uso do remédio. A maioria foi tratada com repouso, hidratação e antitérmicos. Isso porque o Tamiflu só costuma ser indicado para indivíduos com maior risco, como crianças abaixo de dois anos, idosos acima de 60, mulheres grávidas e pessoas com doenças que prejudiquem o sistema imunológico, como HIV, diabetes ou que passaram por transplante de órgãos.
"Pelo menos 90% dos pacientes sequer precisam ficar internados. O ideal é buscar atendimento médico depois dos sintomas aparecerem. Não adianta usar o Tamiflu por conta própria. Isso só faz com que o vírus crie resistência ao medicamento", diz Alcina, após lembrar que os sintomas da Gripe A são muito parecidos com a gripe comum (dores no corpo, tosse e febre acima de 38ºC), sendo importante observar se o paciente veio de áreas de risco ou teve contato com pessoas infectadas.
Justiça – O DPU informa que, caso o MS não cumpra o prazo de 48 horas, o órgão pretende ingressar com ação judicial com pedido de liminar para a Justiça Federal obrigar o ministério a ampliar a quantidade de medicamentos. "É um prazo apertado, mas temos de ser rápidos diante da quantidade de infectados", diz o defensor André Ordacgy.
O DPU pretende pressionar o ministério para que começe a ser adquirido também o Relenza, um antiviral com a mesma eficácia do Tamiflu e que garante o tratamento dos infectados mesmo no casos do vírus se tornar resistente ao Tamiflu, como já aconteceu com pacientes dos Estados Unidos, Dinamarca e Japão.
Outra pressão da DPU é com relação ao uso do álcool em gel, que tem sido alternativa para esterilizar as mãos e reduzir as chances de contágio. Em algumas farmácias do Rio de Janeiro, o preço do produto quadruplicou (de R$ 5 para R$ 20). Para evitar que o mesmo aconteça em outros estados, os Procons serão orientados a intensificar a fiscalização para evitar aumento abusivo de preços. "Os empresários não podem se aproveitar de um momento de fragilidade social para aumento dos preços", comenta Ordacgy.
A diretora de fiscalização do Procon na Bahia, Bárbara Lima, informa que o órgão ainda não foi notificado sobre a recomendação, mas irá fiscalizar essa prática assim que receber o alerta da DPU. De acordo com o inciso 10 do artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, é proibido o aumento abusivo de preços sem que haja justa causa. O descumprimento dessa determinação sujeita os estabelecimentos ao pagamento de multa entre R$ 215 e R$ 3 milhões.
Demanda - Nesta quinta-feira, 23, mais oito leitos serão inaugurados no Hospital Especializado Octávio Mangabeira (Heom) para o atendimento de casos suspeitos ou confirmados da Influenza A. A cerimônia de entrega está prevista para acontecer às 8 horas, com a presença do governador Jaques Wagner e do secretário da Saúde, Jorge Solla.
Em nota oficial, a Sesab informa que a unidade passará a contar com 12 leitos, sendo também ampliada a área de triagem/admissão, onde circulam cerca de 500 pessoas por mês depois de encaminhadas pela Central de Regulação ou por demanda espontânea. Além disso, foi criado um miniambulatório para o atendimento aos pacientes, com uma recepção, três consultórios e capacidade para realização de 2,4 mil consultas/mês.
Nos postos de saúde, a subcoordenadora de urgência e emêrgencia da SMS, Ana Paula Mattos, diz ter havido dois casos suspeitos que foram encaminhados para o Heom. Ana Paula garante que ainda não não foi observado no Estado um aumento significativo no número de pessoas que buscam as unidades de saúde com receio de estarem infectadas pela gripe A. "Estamos preparando esquema especial de trabalho para a alta estação, quando o fluxo de turistas aumenta e acontecem muitas festas com aglomeração de pessoas" comenta, após lembrar que os funcionários da saúde são treinados para acionar a Central de Regulação nos casos suspeitos da doença que precisam ser encaminhados a hospitais.
Como se prevenir da Influenza A
– Sempre que tossir ou espirrar, cubra o nariz e a boca com lenço descartável
– Lave as mãos sempre com água e sabão, em especial depois de tossir ou espirrar
– Evite locais fechados ou com aglomeração de pessoas
– Evite contato direto com pessoas infectadas
– Nunca compartilhe objetos pessoais, como copos, toalhas e alimentos
– Caso os sintomas da doença apareçam, busque atendimento médico e relate caso tenha tido contato com doentes e viagens recentes para área de risco
– Não faça uso de medicamentos sem a devida prescrição médica
– Pessoas que apresentem os sintomas da doença (dores no corpo, tosse e febre acima de 38ºC) devem procurar atendimento num posto de saúde
Fonte: Sesab