Salvador também se destacou na análise do Ministério da Saúde por outros dados. Em comparação com as outras 25 capitais mais o Distrito Federal, os soteropolitanos são os que menos fumam. “Por isso, Salvador está de parabéns, está abaixo da média nacional. O fumo é um fator de risco para doenças crônicas”, diz Deborah Malta, coordenadora de Doenças e Agravos não Transmissíveis da Secretaria de Vigilância da Saúde
O índice nacional de tabagismo é de 16,4%. Em Salvador, este número cai para 11,5%. A cidade onde há mais fumantes é Porto Alegre, com 21,7%. Os soteropolitanos também são os que menos comem carne vermelha gordurosa ou frango com pele. Dos entrevistados, 22,9% disseram ter esses itens na dieta diária, sendo que em Campo Grande, que tem o maior índice, 45,6% da população comem carne e frango gordurosos.
Por outro lado, os soteropolitanos não consomem as 400 gramas diárias – o que representa cinco porções - de frutas e hortaliças recomendadas pela OMS. “Essa é uma tendência do Norte e Nordeste. Se no Brasil este consumo é de 17,7% da população, em Salvador, este índice é de 12%”, explica Deborah.
Além do consumo de álcool, tabagismo, consumo de carne vermelha, frutas e hortaliças, o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), que organizou a pesquisa, também analisou outros hábitos dos 54 mil entrevistados em todo Brasil.
O questionário aplicado tinha perguntas sobre atividade física, obesidade, proteção contra raios ultravioletas, auto-avaliação do estado de saúde, diagnóstico autodeclarado de hipertensão e diebates e, para as mulheres, realização de exame de mamografia e preventivo de colo de útero.
POLÍTICAS PÚBLICAS - De acordo com a pesquisadora, os dados servirão para a criação de políticas públicas de saúde na área de prevenção de doenças crônicas. “Mundialmente já é um hábito de fazer estas avaliações para evitar as doenças, observando os fatores de risco. Com essas informações em mãos, vamos entrar em contato com as secretariais estaduais e municipais e montar fóruns de discussão”, diz.
Um exemplo de política pública para Salvador seria o estímulo de atividades físicas, já que um terço dos soteropolitanos estão sedentários. Outra possibilidade é coibir as propagandas de bebidas alcoólicas. “Isso é uma medida nacional, queremos fazer o mesmo que houve com as publicidades de cigarros. Com o cigarro conseguimos diminuir em dez anos quase a metade do consumo”, fala Deborah.