No final da tarde desta quarta, representantes do Conselho Tutelar, Conselho de Direitos e secretarias municipais (Política para as Mulheres e Trabalho, Assistência Social e Cidadania) de Lauro de Freitas, Grande Salvador, estiveram no Tribunal de Justiça (TJ), no Centro Administrativo, cobrando que o órgão não acolha pedido de habeas corpus ao industriário Carlos Antônio Pereira, 52, preso em flagrante por porte ilegal de arma e suspeito de praticar pedofilia.
Em meio à mobilização em torno deste caso, a prisão, na terça, do auxiliar de produção Valnélio Vilela Nunes, 29, que admitiu submeter a própria enteada de 11 anos a abusos sexuais, foi motivo de nova indignação das entidades.
Advogados entraram com a liminar de habeas corpus para Carlos, e, nesta quarta, ficou definido, por sorteio, que a desembargadora Vilma Costa Veiga, da 1ª Câmara Criminal, terá a incumbência de julgar a ação – o que deve ocorrer na próxima segunda-feira.
“Os advogados se embasaram apenas na questão do porte ilegal de arma para entrar com a liminar. Nossa esperança é mostrar à desembargadora os outros crimes”, declarou Giovana de Oliveira Caetano, advogada do Programa Sentinela (ação federal de enfrentamento à violência sexual, executada pelos municípios), representante das meninas que denunciaram Pereira por aliciá-las.
O industriário foi preso no último dia 8, na própria residência, no loteamento Morada do Sol, flagrado na companhia de duas garotas, de 13 e 11 anos. Apesar de encontrado em atitude suspeita, bebendo na piscina ao lado das meninas, ele foi autuado somente por porte ilegal de arma – uma pistola foi encontrada no interior do imóvel.
As denúncias também são baseadas nos depoimentos prestados por três garotas ao Ministério Público – o último colhido na manhã desta quarta, de uma menina de 13 anos. “Ela confirmou as falas das outras duas meninas: que ele marcava os encontros em frente a um supermercado, em Portão, oferecia dinheiro e as convidava para tomar banho de piscina. Elas disseram ter visto na casa fotos de outras crianças e adolescentes em poses eróticas”, relatou Giovana.
Segundo a advogada, as três garotas admitiram ter mantido relações sexuais com Pereira e revelaram ter sofrido ameaças de morte, caso o delatassem. “De acordo com elas, Carlos falou que matava, colocava o corpo no porta-malas, levava para um matagal e tocava fogo”. A advogada acrescentou que as vítimas contaram que na casa de Pereira havia diversos documentos com a foto dele e diferentes nomes. Ela informou, ainda, que exames não confirmaram a suspeita de gravidez de uma das meninas.
Tribunal – As representantes das entidades, cerca de dez pessoas, se reuniram no TJ, depois de já terem feito uma manifestação em frente à 23ª CP (Lauro de Freitas), onde Pereira continua preso. “Vamos a todas as instâncias, até ao Ministério da Justiça, pois não nos conformamos com este início de investigação por parte da polícia”, sentenciou Maria de Lourdes Lobo, secretária municipal do Trabalho, Assistência Social e Cidadania de Lauro de Freitas.
Assim como os demais denunciantes, ela disse temer que Pereira consiga a liberdade, uma vez que, segundo ela, um dos advogados dele, Jafeth Eustáquio Júnior, é filho de um ex-desembargador.
Carlos Pereira não quis falar com a reportagem.