O Theatro XVIII reabre as portas, no próximo dia 19, voltando a oferecer ao público uma programação de reconhecida qualidade e com preços baixos. Uma das diretoras da casa de espetáculos, Rita Assemany, informou, nesta quarta, que, para celebrar a data, será realizado um sarau com a participação de artistas locais.
O XVIII fechou as portas no dia 21 de setembro, porque o contrato de manutenção das despesas de funcionamento (energia elétrica, água, folha de pagamento de funcionários e prestadores de serviços), vencido em fevereiro de 2007 e aditado em 20% do seu valor para cobrir despesas de seis meses (março a agosto deste ano), não tinha sido renovado, inviabilizando o funcionamento do teatro.
Segundo Rita Assemany, somente nesta quarta a Secretaria de Cultura liberou o Patrocínio da Oi para o teatro. Ela disse que estava “correndo para agilizar as coisas”, garantindo que em breve daria maiores detalhes.
Nota – Outro problema que inviabilizou a injeção de recursos foi uma nota fiscal apresentada pelo XVIII, de uma empresa de agropecuária, considerada irregular pela Secult.
Em comunicado à imprensa, na ocasião do fechamento, a diretora do teatro, Aninha Franco, que não poupou críticas ao secretário Marcio Meirelles, disse que “(...) o Theatro XVIII fechará suas portas físicas porque não existe ‘longa vida’ sem água e luz”, frisando que aguardava “que a Secretaria de Cultura confirmasse a intenção de manter a sua inteligência democrática funcionando".
Nesta quarta, entretanto, o clima foi de alegria e muito corre-corre. Aninha Franco, que enviou material para toda a imprensa quando do fechamento do teatro, não atendeu aos insistentes apelos da reportagem de A TARDE, justificando que estava preparando a agenda local.
Com o retorno das atividades do Theatro VIII, entretanto, espera-se que voltem importantes projetos da casa, a exemplo do Miúdos da Ladeira (que inclui crianças de 7 a 10 anos, que estudam musica erudita e popular, além de literatura infantil) e o trabalho desenvolvido pela Cia Axé, além dos saraus e debates.
Secult – O superintendente de Promoção Cultural da Secretaria de Cultura, Paulo Henrique Almeida, disse que dois projetos do Theatro XVIII, pelo Fazcultura, ambos com patrocínio da Oi e com valor de R$ 187.500 (cada), já haviam sido liberados.
“Esse projeto já estava liberado antes da crise de comunicação, como definiu Aninha [Franco]. Como ela assumiu o compromisso de fazer a devolução do recurso da nota de R$ 20 mil, o que deve ocorrer nos próximos dias, nós mantivemos essa liberação. Esse recurso do Fazcultura é para espetáculos”, explica.
Segundo ele, assim que o Theatro XVIII fizer a devolução do valor da nota emitida ilegalmente por uma empresa agropecuária, a Secult libera, também, os recursos que estão aprovados pelo Fundo de Cultura, destinados à manutenção do teatro.
“Do fundo, são R$ 319.727,00, o valor que o teatro recebia antes, acrescido de uma correção com base na inflação. Esse valor deve ser repassado em duas parcelas, por causa do impasse jurídico da Emenda Constitucional 42, que está em conflito com a política do fundo, como já foi dito na imprensa”, disse o superintendente Paulo Henrique Almeida.
SEM CRISE – Ele não se mostrou preocupado com a última edição da revista Metrópole, lançada esta semana, com matérias e entrevistas, como a de Aninha Franco, de tom politicamente contrário à atual gestão da secretaria. “Acho que a revista faz o papel dela. Não vejo as matérias como um bombardeio. O problema é que a Metrópole é produzida dois meses antes e ficou ultrapassada”, diz, após dar como resolvidas questões indicadas na publicação.
Paulo Almeida conta que a secretaria já voltou a apoiar o Balé Folclórico da Bahia, que está em atividade. “A verba não é destinada à manutenção, mas aos espetáculos. O balé não está com problema”, garante. Procurado pela reportagem, o diretor do balé, Walson Botelho, não foi encontrado.
Quanto à Academia de Letras da Bahia, Almeida diz que tudo o que a instituição solicitou foi aprovado pelo fundo em duas parcelas. E a Procuradoria Geral do Estado insistiu em fazer um convênio só de seis meses, pelo mesmo motivo da Emenda 42. “Mas já declarei que, assim que a solução jurídica aparecer, nós solucionaremos o problema. Nosso diálogo com a ALB tem sido perfeito”, acredita.
PÚBLICO E PRIVADO – Quanto à Fundação Casa de Jorge Amado e o Museu Carlos Costa Pinto, houve redução dos recursos repassados pelo fundo, mas as duas instituições apresentaram projetos pelo Fazcultura. A casa recebia cerca de R$ 900 mil e ficou com R$ 400 mil, e está apresentando um projeto de edição de livros, pelo fundo.
O museu recebia R$ 1,2 milhão para manutenção e o fundo aprovou apenas R$ 400 mil. “Mas o museu deve propor um projeto para uma nova exposição ainda neste verão, que será avaliada pela comissão gerenciadora do fundo”, revela Almeida.
Por fim, o superintendente avalia a problemática criada em torno das ações da gestão da Secult. “A pergunta é por que Saúde e Cultura são as duas áreas mais polêmicas do atual governo. A resposta é: essas são as duas áreas do Estado em que a mistura entre público e privado mais avançou nos governos passados. Então, na hora em que o governo se propõe a recolocar claramente o que é público e o que é privado, o conflito surge”, define.
REPERCUSSÃO – O anúncio do retorno do Theatro XVIII deixou contentes os artistas da cena cultural da cidade, que se pronunciaram sempre a favor do retorno do espaço idealizado pela escritora e dramaturga Aninha Franco.
O diretor de teatro Fernando Guerreiro pontuou como o fato mais positivo o acordo entre a Secult e o Theatro XVIII. “Isso, para mim, é o mais importante. Saber que os artistas envolvidos na cultura estão sendo ouvidos”.
Já o ator AC Costa acha que “é de grande importância o retorno do XVIII. A cidade precisa deste teatro”, frisou, acrescentando que acredita que as divergências sejam superadas, porque “a arte é maior que tudo isso”.
A atriz Maria Menezes disse que a notícia da volta do Theatro XVIII é algo “maravilhoso”. E acrescentou: “Fico muito contente porque é um teatro que tem preços populares com espetáculos que ficam sempre em temporada”.
Para o diretor Armindo Bião, “o Theatro XVIII é referência no teatro baiano e na programação artística do Pelourinho”, reforçando a qualidade e diversidade da programação da casa de espetáculos. O Theatro XVIII, localizado no Pelourinho, tem um projeto de cultura que é referência no País.