Cerca de nove mil funcionários da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação, Obras de Terraplanagem e Manutenção Industrial da Bahia paralisaram as obras do gasoduto que pertence ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, nesta quinta-feira, 16. A obra do gasoduto fará o transporte de gás natural entre o terminal de Cabiúnas, no Rio de Janeiro e o município baiano de Catu, onde existe uma unidade de processamento de gás natural da Petrobras.
Nesta quinta-feira, representantes do sindicato e do gasoduto encontram-se no
Ministério Público do Trabalho (MPT) na tentativa de chegar a um acordo específico
sobre a paralisação da obra. Bebeto Galvão, presidente do sindicato da categoria (Sintepav), destaca, contudo, que os trabalhos
podem ser retomados no local, somente a partir de segunda-feira (20) caso sejam
apresentadas propostas que atendam às necessidades dos funcionários.
A categoria pretende fazer diversas manifestações na capital
baiana nos próximos dias. Para esta sexta-feira, está sendo programada uma
caminhada com saída do Fórum Ruy Barbosa, no centro da cidade. O
objetivo é pressionar o sindicato patronal a atender às reinvindicações da classe. "Nosso setor creceu 8%, contribui para o PIB nacional com 16%, mas os
trabalhadores nao tiveram beneficios por isso. Queremos que este
crescimento retorne para nós em forma de mais salários e mais
benefícios. Estamos dando prosseguimento à paralisação porque
percebemos que não há interesse em negociações", destacou Galvão.
O presidente do sindicato garante que a mobilização será mantida
enquanto as reivindicações não forem atendidas e afirma que, na próxima
semana, os trabalhadores podem parar os trabalhos nas plataformas P59 e
P60 da Petrobras, localizadas no distrito de São Roque do Paraguassu,
em Maragojipe.
Greve - A interrupção do gasoduto é uma ação que faz parte do movimento grevista
da categoria, iniciado nesta terça-feira, 14, e que atinge 25 mil
trabalhadores em todo o Estado, segundo o Sintepav. A previsão é que o
número chegue a 30 mil até esta sexta-feira, 17, com a adesão de
trabalhadores de outras obras na Bahia, informa Bebeto Galvão. Ao todo, o setor conta com 40 mil
trabalhadores.
A paralisação foi deflagrada para cobrar melhorias trabalhistas e motivou a interrupção das atividades em obras de irrigação dos municípios de Xique-Xique e Irecê, de pequenas centrais hidrelétricas no oeste, de empresas de mineração em Ipiaú e Itagibá, das obras do metrô na capital baiana, do emissário submarino, da via portuária e de diversas obras em estradas baianas.
As reivindicações da classe incluem reajuste salarial de 14%, cesta básica de R$ 130, hora extra a 60%, participação nos lucros e resultados, assistência médica e odontológica. De acordo com o sindicato da categoria, o patronato teria oferecido aumento salarial de 7,25% e R$ 60 de cesta básica.