Os trabalhadores da obra do Gasoduto (GASCAC) entraram em greve nesta sexta-feira, 21, sem previsão de retorno ao trabalho. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial da Bahia (Sintepav), o movimento seria motivado pela recusa da Petrobras a pagar o adicional de periculosidade aos funcionários.
Segundo Bebeto Galvão, presidente do Sintepav, as negociações para o pagamento da periculosidade foram iniciadas em agosto de 2008 com a mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT/BA). O sindicalista afirma que, na ocasião, a Petrobras e as montadoras Conduto, Bueno, Consórcio Mendes Junior e Azevedo Travassos e a GDK pediram a realização de um laudo que atestasse o direito ao pagamento adicional aos trabalhadores.
Realizado pela Fundação José Silveira, o laudo foi reconhecido pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Ministério do Trabalho (SRTE), o que garantiria o benefício. Apesar disso, em audiêcia realizada no último dia 14, a Petrobras se posicionou de forma contrária ao parecer, afirmando não reconhecer o direito ao pagamento.
Segundo a estatal, o laudo afirma que nem todos os trabalhadores teriam direito ao adicional de periculosidade, e aqueles que têm direito já recebem o benefício. A Petrobras afirmou ainda que cada empresa envolvida na obra deve negociar com seus trabalhadores.
"Lamentavelmente fomos surpreendidos com a posição da Petrobras", desabafa Galvão. A obra do Gasoduto, que tem 1.100 km de extensão, recebeu investimento de R$3,2 bilhões do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). “Se ela [a Petrobras] entende que o empreendimento é importante, os trabalhadores entendem que sem a garantia dos direitos, a obra não será concluída, como deseja a Petrobras", conclui o diretor do Sintepav.
O movimento grevista conta com a participação de cerca de 10 mil trabalhadores em vários trechos da obra, como em Santo Antonio de Jesus, Santo Amaro, Gandu, Ipiaú, Coaraci, Catú, Ibirapitanga, Itabuna, Camacã, Eunápolis, Itamaraju, Itapebi entre outros. A categoria se reúne na próxima quarta-feira, 26, para avaliar os rumos do movimento.
Procurada pela reportagem, a Petrobras não se pronunciou sobre o assunto até a publicação desta matéria.