A escultura Metamorfose, de Calazans Neto, está se deteriorando na subida para o Abaeté, em Itapuã
Salvador possui 171 monumentos, entre bustos, fontes e estátuas. Muitos encontram-se depredados, devido a ações de vandalismo, tais como pichações e quebra das peças que compõem a estrutura. A reportagem visitou sete desses monumentos distribuídos por áreas diferentes da cidade e constatou vários problemas de conservação.
Na Praça da Piedade, moradores de rua já transformaram em varal o gradil que cerca a praça e é obra de Carybé. Já à primeira vista a praça apresenta sinais de abandono com os bancos de granito quebrados. Alguns foram furtados. A fonte já não funciona mais e a fiação elétrica está exposta.
Outro monumento que foi depredado por vândalos é o que homenageia o Barão do Rio Branco, nas imediações do Relógio de São Pedro. Do local foi roubado um gradil. "Estou aqui há mais de dois anos e nunca vi fazerem qualquer intervenção", conta o ambulante Wilson Pereira, 60 anos.
Símbolo da união entre raças, a Escultura da Mão, na Praça Tiradentes, Comércio, é outro monumento que foi alvo das ações de vandalismo e da falta de manutenção. Há papéis colados e pichações. As mãos de cor dourada estão quase sem pintura. A base do monumento está totalmente enferrujada, ao ponto de as placas de fibra de vidro que a contornam já apresentarem descolamento. Há oito anos vendendo acarajé na praça, Mônica Conceição lamenta o abandono. "A estátua era muito bonita", opina Conceição.
A professora de história da arte da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Neila Maciel, que em 2010 realizou uma pesquisa sobre o estado de monumentos da cidade critica a falta de manutenção. "Quanto mais tempo sem limpar, a sujeira impregnada nas obras corrói o material ", explica.
Fiscalização - De acordo com a Fundação Gregório de Mattos (FGM), de 2005 a 2010 os atos de vandalismo danificaram ou extraviaram 5,8% dos monumentos que são chamados de sítios históricos. Os dados são de 2010 e, segundo a assessoria da FGM, ainda não foram atualizados.
A FGM, órgão da Prefeitura de Salvador, tem a responsabilidade de coordenar a vistoria e manutenção destes locais. Segundo o gerente de sítios históricos do órgão, Marco Antônio Rocha, são realizadas vistorias periódicas por um equipe técnica composta por engenheiros e arquitetos que identificam as necessidades de manutenção.
A depender do reparo é solicitado o serviço aos outros órgãos municipais, como a Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop), Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal), Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Prevenção à Violência (Sesp) e Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb).
Segundo a assessoria de comunicação da Limpurb, o órgão só é responsável por varrer a área externa dos monumentos (calçadas), mas os agentes não têm como entrar para além do gradil, pois poderiam danificar a grade.
O gerente de sítios históricos da FGM contra-argumenta que, nestes casos, um funcionário da empresa de limpeza deve ir até a sede da fundação pegar as chaves. Mas o que se vê, no entorno de monumentos, é lixo acumulado.
Ronda - A responsabilidade pela vigilância destes locais é da Guarda Municipal. O gerente de operações da guarnição, Carlos Damasceno, explica que são realizadas rondas e que os guardas em pontos específicos reforçam a segurança. Entretanto, não foram encontradas equipes da guarnição próximas aos monumentos. Ele reforça que ao serem acionados pela população ou autoridades municipais suas equipes intervem. "Se houver a prática do ilícito, o guarda irá autuar e conduzir a autoridade competente".