Projeto de requalificação da área está sendo executado há sete anos
Cerca de duas mil salas ocupadas, 28 agências bancárias, mais de mil micro e médias empresas instaladas, sete instituições de ensino superior, dentre outros empreendimentos. Este é o cenário atual do Comércio que, com uma circulação diária de 140 mil pessoas, tenta recuperar o status de centro financeiro da cidade.
A luta é para resgatar a posição que o bairro tinha nas décadas de 50 e 60. Sete anos após a implantação do projeto de revitalização da área, o bairro já conta com 95% das edificações ocupadas. Faltam as que precisam passar pelo processo de restauração.
De acordo com o coordenador do Escritório de Revitalização do Comércio (ERC), Marcos Cidreira, o principal objetivo do projeto é preencher os espaços desabitados que eram alvo de ocupações irregulares. O ERC é vinculado à Secretaria Municipal de Transporte e Infraestrutura (Setin).
A reocupação dos edifícios, promovida pelo ERC, ofereceu a empresários incentivos ficais como isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). "Só desta forma foi possível trazer de volta ao bairro agências bancárias, instituições de ensino e empresas importantes para a cidade", afirmou Cidreira.
Na opinião do gestor, além de contribuir para a economia da cidade, a instalação de novas empresas levou ao Comércio a movimentação que havia diminuído. "Por conta do abandono, as pessoas, que antes frequentavam o Comércio, deixavam para resolver assuntos bancários em outros locais. Atualmente, só as faculdades levam cerca de 15 mil alunos à área", contabiliza Cidreira.
Obstáculos - Mas, o coordenador do ERC diz que ainda existem pontos que emperram uma revitalização plena do bairro. Ele cita, dentre esses obstáculos, o mau estado das calçadas, poucas áreas de estacionamento e deficiência nas ações de limpeza e segurança. Por meio de nota, a Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop) esclarece que desenvolve constantemente a manutenção e requalificação dos passeios públicos da cidade. "Técnicos realizam constantemente vistorias nos passeios públicos de Salvador para identificar onde devem agir", diz a nota.
O órgão esclarece que a manutenção dos passeios em frente a estabelecimentos privados e residências são de responsabilidade do proprietário. De acordo com a Sucop, a Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) tem a responsabilidade de fiscalizar e autuar quem não cuida das calçadas.
Na opinião de Cidreira, a revitalização do bairro depende, ainda, da reforma de prédios que estão em estado de degradação e que são de responsabilidade dos seus proprietários. Ele cita como exemplos os prédios da antiga agência Central dos Correios, na Praça da Inglaterra, e do Instituto do Cacau, incendiado em julho deste ano.
A reportagem de A TARDE tentou contato com a assessoria de comunicação dos Correios e do governo do Estado, para saber sobre o andamento das obras, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Policiamento - Embora o Projeto de Revitalização do Comércio tenha atraído a atenção de empresários e investidores, quem precisa andar pelas ruas do bairro ainda reclama da falta de policiamento e iluminação. O problema é maior quando se encerra o expediente das empresas. Estudante do 4º semestre do curso de enfermagem de uma faculdade sediada no bairro, Carine Bastos, 28 anos, afirma que sente falta de policiamento. "Raramente vejo policiais aqui", reclama.
Para o empresário Carlos Antônio Maia, 53, proprietário de uma lanchonete na Avenida da França, a falta de segurança no bairro tem afastado os clientes. "As ruas ficam tão desertas que os alunos deixam de vir até aqui, com medo de furtos e roubos", revelou.
Em nota, a assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que o policiamento no bairro é realizado pela 16ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM).
De acordo com a nota, a companhia emprega seis policiais distribuídos em duplas de policiamento ostensivo a pé, além de uma guarnição de radiopatrulhamento que faz rondas na região. "A 16ª CIPM também realiza diariamente operações de abordagens a pessoas e veículos em toda a área do Comércio", diz a nota.