Kauan Kayodê, 5, prefere correr e se divertir ao ar livre
Nem computadores nem objetos eletrônicos. As brincadeiras que deixam as crianças mais felizes são aquelas que podem ser realizadas ao ar livre, juntamente com amigos e familiares. É isso que aponta a pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Instituto Datafolha, respondida por 1.525 crianças brasileiras, de 4 a 10 anos, de todas as classes econômicas, em 131 municípios.
O estudo teve como objetivo principal conhecer mais profundamente os desejos e necessidades dos pacientes pediátricos, para que os médicos possam, cada vez mais, orientar as famílias nas consultas e oferecer um diagnóstico preciso. Na pesquisa, a questão apresentada para as crianças foi "o que você mais gosta de fazer quando não está na escola?".
O resultado apontou que 96% delas se consideram "muito alegres" no dia do aniversário, 94%, ao praticar esportes, 92% ao brincar com os amigos e 91% nas férias escolares. Entre as brincadeiras preferidas estão jogar bola (33%) e brincar de boneca/boneco (28%). Andar de bicicleta veio a seguir, com 19% e pega-pega, com 17%. Empataram, com 14% das preferências, o esconde-esconde, brincar de carrinho, video game e de casinha (10%).
O computador aparece em 9% das respostas, ficando na frente, apenas, de soltar pipa e desenhar/pintar (6%), pular corda (5%), brincar de corrida, com brinquedos (sem especificar qual), animal de estimação e estudar (4%). Kauan Kayodê, 5, é apenas uma dessas crianças que prefere correr e se divertir ao ar livre a gastar parte do tempo em frente ao computador e à televisão.
De acordo com a mãe do garoto, a secretária Fabiana Pancho, 27, o filho não troca a brincadeira no parque por um filme na televisão ou um jogo no computador. "Ele gosta mesmo é de brincar no parque, pedalar, pular no pula-pula. E eu incentivo isso", contou ela.
Mesmo tendo apenas 5 anos, o pequeno Kauan já sabe manusear o computador, a televisão e o aparelho de DVD. No entanto, não pensa duas vezes quando os pais o convidam para um passeio no Dique do Tororó, local de lazer preferido dele. "Na nossa casa não temos muito espaço para ele correr e brincar, então talvez seja por isso que ele goste tanto de brincar ao ar livre", deduziu a mãe.
De acordo com a psicóloga especialista em crianças, adolescentes e jovens, Carmem Vieira, no decorrer do tempo, as crianças tendem a optar por brincadeiras clássicas, que, teoricamente, não são desta geração: "Para os mais velhos, a tecnologia é novidade. Mas, para quem nasceu agora, é normal ter um ou dois computadores, além de celular e até tablet. Eles acabam enjoando dos botões".
Na avaliação da psicóloga, esta é uma tendência positiva pois, desta forma, pode ser incentivada a convivência com outras crianças e com os familiares. "Já está cientificamente comprovado que crianças que brincam nas ruas, nos parques, são mais aplicadas na escola e têm melhor convivência com os colegas. É importante contar com a tecnologia, mas é preciso impor limites e ensinar as crianças a usá-la de forma saudável", ensinou.