Marca da violência no para-brisa do Fiat Punto da jornalista Selma Alves
No bairro do Costa Azul - onde a servidora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e jornalista Selma Barbosa Alves, 53, foi assassinada com um tiro na cabeça -, o clima de insegurança é comum aos moradores e pessoas que trabalham em determinadas ruas do local, onde a prática de assaltos é frequente.
Na Rua Doutor Augusto Lopes Pontes, que dá acesso ao Centro de Convenções, as abordagens ocorrem independentemente do horário. À frente do condomínio Costa do Atlântico, ladrões aproveitam para roubar quem aguarda ônibus nos pontos dos dois sentidos.
"A gente tem que ficar atenta o tempo inteiro, ainda mais com a demora para o ônibus passar. Às vezes, alguém está passando e avisa. Aí eu entro no condomínio e espero eles irem embora", revela a doméstica Josefa Santos da Silva, 63 anos.
Geralmente em dupla
Quem passa pelo local de motocicleta, de bicicleta ou a pé, os assaltantes abordam as vítimas e fogem subindo as dunas localizadas em frente ao condomínio.
"Eu vou pegar o ônibus no sentido do Centro de Convenções, mas fico no ponto do condomínio. Aqui, pelo menos, eu tenho para onde correr. Já o outro ponto fica abaixo das dunas e só tem a pista. Depois que eles sobem aí, ninguém mais acha. Isso acontece aqui todos os dias", reclama Simone Santos, 30 anos, ao contar a estratégia para tentar não entrar no rol dos assaltados.

Selma Alves foi abordada na Rua Arthur de Azevedo Machado (Foto: Reprodução)
Na Rua Desembargador Manoel Pereira, a dona de casa Cerenita Lopes Alcântara, 64 anos, já colocou o apartamento onde mora há cinco anos à venda. "Meu genro já foi assaltado duas vezes. Levaram a mochila dele, depois largaram nas dunas. Aqui, quem não foi assaltado conhece alguém que já foi ou viu algum acontecer. Por isso coloquei minha casa para vender. Quero sair daqui", diz.
Na mesma via, a existência de buracos facilita a ação dos criminosos. "Os carros têm que passar mais devagar por causa das crateras daqui. Nessa hora eles atacam", fala um porteiro que trabalha no bairro e que preferiu não ser identificado.
Confira o vídeo que mostra o momento em que a servidora foi morta
Investigação
A titular da 9ª DT (Boca do Rio), Rogéria Araújo, já ouviu quatro pessoas e solicitou os retratos falados dos suspeitos que assassinaram a jornalista e servidora da Ufba, Selma Alves, ao Departamento de Polícia Técnica, bem como as imagens das câmeras de segurança do banco.
Os retratos devem ser feitos com base no depoimento do dono do Celta, um homem de 27 anos, que contou ter sido rendido quando se aproximava do caixa eletrônico.
O subsecretário da Segurança Pública da Bahia, Ary Pereira de Oliveira, disse que "as investigações estão também centradas nos testemunhos dos PMs que perseguiram os criminosos". E que
"o Costa Azul, que já tem um policiamento constante da Operação Gêmeos, receberá reforço nas rondas".