A praia da Pituba é apontada como poluída e possui saídas de galerias pluviais
Dez praias de Salvador permaneceram, durante todo o mês de novembro, na lista das impróprias para banho do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). No primeiro boletim publicado em dezembro, nove delas continuam na relação de praias que oferecem risco aos banhistas.
A TARDE verificou que, nos cinco boletins divulgados nos dias 2, 8, 14, 22 e 29/11, dez dos 30 pontos de coleta do Inema em Salvador foram identificados como locais com perigo de contaminação. São elas: Armação (em frente ao Clube Inter. Pass), Boca do Rio (em frente ao Posto Salva Vidas), Corsário (em frente ao Posto Salva Vidas Patamares), Pituba (em frente à Rua Paraíba, próximo ao Ki-Mukeka), Bogari (em frente ao Colégio João Florêncio Gomes), Cantagalo (atrás da antiga fábrica da Brahma, atual FIB), Pedra Furada (atrás do Hospital Sagrada Família), Penha (em frente à Igreja N. S. da Penha), Roma (atrás do Hospital São Jorge) e Periperi (atrás da estação Férrea).
Apenas o trecho da Penha não está na lista divulgada na primeira semana deste mês. O coordenador de monitoramento do Inema, o engenheiro ambiental Eduardo Topázio, considera a situação preocupante, principalmente a 12 dias da abertura oficial do verão e com a proximidade das férias escolares. Este é o período em que a praia, principal lazer gratuito da população, se torna ainda mais frequentada.
A concentração de Escherichia ecoli, bactéria pertencente ao grupo de coliformes fecais, é que define se a praia apresenta riscos. "São bactérias que convivem com o ser humano. Está dentro de cada um de nós. Mas em quantidades elevadas tem a probabilidade de estar associada a alguma outra bactéria patogênica", afirma Topázio.
Apesar do alerta divulgado pelo órgão ambiental, o coordenador de monitoramento do Inema hesita na hora de definir. "Não é bem risco. Depende do entendimento do que é risco. É uma possibilidade de contrair doenças infecciosas de pele. As pessoas não devem se apavorar", diz. Infectologistas, no entanto, alertam que a recomendação é não entrar na água.
Causas
Segundo Topázio, dois fatores contribuem para que as praias se tornem impróprias. O primeiro deles é a água das chuvas. Ao cair sobre o solo, ela arrasta o lixo e o lança ao mar por meio da drenagem pluvial. "É a causa preponderante. A sujeira que não é coletada na cidade corre para a drenagem pluvial. A varrição não é 24 horas. Quando chove muito, intensifica", afirma.
Presidente da Limpurb, Kátia Alves discorda: "É, no mínimo, irresponsável associar balneabilidade à limpeza urbana. As praias são limpas diariamente. Não é só a água pluvial. Tem também a educação do povo que joga lixo nos córregos".
O segundo fator, de acordo com Topázio, são os detritos jogados em rios que deságuam no mar, como o Jaguaribe e o Paraguaçu. Ele destaca que este tipo de contaminação tem relação com o uso e ocupação do solo de forma irregular. "Algumas pessoas jogam detritos no rio diante da ausência de coleta de lixo e esgotamento sanitário. As praias que se repetem, geralmente, estão próximas aos rios da cidade que correm permanentemente para o mar", complementa.
Há casos ainda em que a casa não está ligada à rede de esgoto e os moradores despejam no mar. "Têm vários casos assim na Cidade Baixa. Na Pedra Furada, tem casas construídas na beira do mar e que jogam os resíduos na praia", afirma Topázio.
"Ainda tem rios que recebem esgotos. O programa Bahia Azul não recuperou tudo. Falta esgotamento sanitário em toda a cidade", ressalta o coordenador do Grupo Ambientalista da Bahia, Renato Cunha.
