Declarações de Marcell Moraes (E) desagradam tata Raimundo Konmannanjy
O vereador Marcell Moraes (PV) publicou nesta quarta-feira, 3, por meio da assessoria, que a chamada "lei do lixo", regulamentada pela prefeitura no último dia 17, beneficiou indiretamente projeto de autoria dele, propondo a proibição do abate ou mutilação de animais em cultos religiosos. Este projeto foi proposto por ele em 2013.
Como era de se esperar, a declaração não agradou adeptos de religiões de matriz africana. O presidente da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (Acbantu), tata Raimundo Konmannanjy, criticou a postura do vereador, que em janeiro assumirá mandato de deputado estadual.
"É ruim para a Bahia ter um deputado que tem desprezo pela cultura da terra. Como é que ele pode comparar o ebó com o lixo? As oferendas são um tratamento espiritual que serve para abrir caminhos e para proporcionar saúde. A Assembleia vai perder o foco da luta contra a intolerância religiosa com ele", disse.
Texto da assessoria de Moraes informava nesta quarta que ele reapresentaria a proposta 'antisacrifício' na Assembleia. Entretanto, o vereador negou a informação.
O coordenador do Centro de Referência de Combate ao Racismo e Intolerância Religiosa Nelson Mandela, Ivonei Pires, disse que acionará o Ministério Público da Bahia , caso Moraes persista em reapresentar a proposta 'antisacrifício' na Assembleia Legislativa. "Ele quer polemizar mais uma vez para ficar em evidência. Mas acho que precisa tomar cuidado com as declarações que faz, para não ser proibido de assumir o mandato", opinou.
Limpurb
Segundo a presidente da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb), Kátia Alves, nenhuma pessoa vai ser multada por colocar oferendas na rua.
"A nossa postura será de respeito. Nossa equipe já foi orientada a respeitar todo tipo de religião e fé", disse.
Conforme a presidente, o vereador se confundiu com o inciso XV do artigo 7º da Lei 8.512, cujo principal objetivo é punir açougues e abatedouros que descartam ossos e carcaças nas ruas.
"O documento não fala de oferendas. O descarte é totalmente diferente do ebó, que em momento nenhum foi alvo de discussão", acrescentou a presidente.
"Não sou contra as religiões de matriz africana. Só quero com isso proteger os animais da matança e dos maus-tratos", disse Marcell Moraes.