Nos velórios, houve grande presença de familiares, amigos e vizinhos das vítimas
Sob muita comoção, sete vítimas dos deslizamentos de terra em San Martin, foram sepultadas na tarde desta quarta-feira, 29, em cemitérios da capital baiana.
Os corpos de Sirvaldo Nunes Filho, 30, e da mãe Zenaide Dias, 59, foram enterrados, com atraso de cerca de uma hora, por volta das 16h no Cemitério Campo Santo, na Federação, em covas doadas pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia. O enterro contou com cerca de 50 pessoas, entre elas vizinhos, familiares, amigos, colegas de trabalho, que demonstravam muita tristeza.
De acordo com alguns vizinhos, Sirvaldo trabalhava em uma gráfica e prestava serviços para o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae). De acordo com informações de vizinhos, há um ano "batata", como era conhecido pelos amigos, perdeu o pai. Uma das três irmãs, Joice Figueiredo, contou que agora precisa "permanecer mais firme do que nunca". "Parte da minha vida foi junto mas é preciso continuar. Pedi a Deus que me mantenha de pé", disse. Mãe e filho foram enterrados em duas covas, uma de frente para outra.
No Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco, os corpos de Magnólia Paim dos Santos, 44, da filha Cássia Vitória Paim dos Santos, 14, e da mãe Maria José dos Santos, 75, e Roberto Ubiratan dos Santos Júnior, 16 anos, foram sepultados na tarde desta quarta-feira, por volta das 16h. Durante o velório, Carlos, pai de Cássia estava inconsolável, e de cadeira de rodas ficou o tempo todo ao lado dos dois caixões da filha e da esposa Magnólia. "Meu Deus, eu não queria isso", disse Carlos, se lamentando pela morte das duas.

O pai de Cássia, 14, muito emocionado acompanhou o velório na cadeira de rodas. Foto: Margarida Neide | Ag. A Tarde
O jovem Roberto era faixa preta de karatê e treinava na Associação Oriental de Karatê, que fica no bairro do Alto do Peru. Ele ganhou faixa preta em 2011, e viajava para participar de competições junto com a avó Maria José. O presidente da associação falou que o jovem fará muita falta. "Ele irá fazer muita falta para a nossa comunidade da associação de karatê", disse.
Direção e professores do Colégio Estadual Carneiro Ribeiro Filho, onde Roberto estudava, estavam presentes no enterro. O diretor do colégio, Ednaldo Silva, 41, falou um pouco sobre o aluno. "Era um excelente aluno, nunca foi reprovado e era muito querido. A escola está de luto", relatou o diretor. As aulas no colégio foram suspensas hoje. "Eu quero meu filho!", dizia, muito abalada, a mãe de Roberto que saiu carregada do cemitério.
Já no Cemitério Quinta dos Lázaros, foi enterrado o corpo de Elaine Santos Oliveira, 30, por volta das 16h. Elaine deixou uma filha de 14 anos. "A situação é muito triste e nada vai trazer ela de volta. Ela era muito meiga e alegre", disse Rita de Cássia dos Santos, prima de Elaine.
Rita informou que, no dia do deslizamento, a filha de Elaine chamou a mãe para ir dormir na casa da avó, mas ela acabou não indo e logo após a tragédia aconteceu. Elaine tinha uma casa adaptada aos fundos da casa da mãe. Ela também relatou que um outro primo chamado Sandro morava no prédio que desabou e saiu levando algumas casas que ficavam ao fundo, inclusive a de Elaine. Sandro ainda chegou a ouvir a prima pedir por socorro debaixo da terra, mas não pode fazer nada já que também estava preso. Quando ele conseguiu sair, houve um novo deslizamento soterrando ainda mais.

Uma multidão acompanhou enterros no Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco. Foto: Margarida Neide | Ag. A Tarde