Iniciativa vem ganhando força e, além de ajudar a destravar o tráfego, intensifica o convívio social
Desafogar o trânsito, reduzir a emissão de gases poluentes, intensificar o convívio social e ajudar as pessoas. A carona solidária, do inglês carpool, vem ganhando adeptos na capital baiana e traz benefícios.
A iniciativa oferta vagas disponíveis nos veículos para pessoas que façam percursos próximos aos dos donos dos carros.
Em outra modalidade, donos de veículos que passam pelo mesmo itinerário fazem revezamento dos carros, contribuindo para a fluidez do trânsito. Ou seja: em grupo com cinco integrantes, quatro pessoas deixam os carros em casa por um período de quatro dias.
Em ambos os casos, a divisão ou não do custo do combustível fica a critério dos participantes. A prática é um mecanismo de mobilidade para otimizar o tempo e desobstruir o tráfego.
Sites, blogs, aplicativos para celular e grupos em redes sociais são ferramentas utilizadas por quem procura e para quem oferta a carona.
As microempreendedoras Ana Gabriela Machado Teixeira de Freitas, 34 anos, e Vangea Carolano, 41 anos, integram um grupo com mais de 40 artesãos.
Por um aplicativo, eles divulgam informações sobre as feiras que ocorrem na cidade e aproveitam para combinar a ocupação das vagas nos carros.
A carona solidária facilita a interação entre eles e a chegada nos pontos de exposições dos produtos. O grupo Top Feira de Artesanato existe há dois anos e tem 50 integrantes.
"Às vezes acontecem três feiras ao mesmo tempo, então a gente se comunica e vê quem vai para onde e pega a carona. Foi uma maneira que encontramos para estar em contato e otimizar nosso tempo", explica Vangea Carolano.
Segurança
Apesar de ser um movimento em ascensão, a questão da segurança ainda é uma barreira a ser vencida pelos adeptos, criadores de sites e aplicativos da prática.
O site www.caronasolidaria.com, por exemplo, deixa claro no regulamento: "Nos empenhamos ao máximo para manter o Amigo Carona seguro, mas não podemos garantir isso".
Cabe ao usuário "analisar atentamente as pessoas às quais oferecerá auxílio e transporte bem como deve buscar conhecer e se informar sobre quais são as pessoas que oferecem o auxílio de carona em nosso site".
Para reduzir o risco, o grupo Carona em Salvador, no Facebook, é fechado. Novos integrantes só são aceitos após avaliação.
"Por uma questão de segurança, os membros são apenas amigos. Chamei os da minha rede. E os amigos de amigos passam por análise prévia. No blog, o acesso à consulta de roteiros dos integrantes só é permitido por meio de senha exclusiva para cadastrados", disse a jornalista Jane Fernandes, 39 anos, idealizadora da iniciativa.
A possibilidade de contribuir com a mobilidade da cidade foi a motivação para criar o grupo de carona solidária.
"Ando com o carro vazio boa parte do tempo. Então, pensei na possibilidade de tornar o meu carro mais útil e diminuir o impacto dele no trânsito. A meta é chegar ao esquema de revezamento entre os donos de veículos para reduzir, de fato, a quantidade de carros nas ruas", acredita Jane.
O grupo existe há um mês e tem 284 integrantes no Facebook. Blog homônimo e grupo no WhatsApp são meios de anúncio de demandas e ofertas. "O WhatsApp tem a agilidade em divulgar as informações", complementa a jornalista.
A arquiteta Gabriela Franceschini, 38 anos, costuma revezar com outras mães o transporte dos filhos para a escola. "É uma maneira de otimizar nosso tempo, economizar e diminuir a emissão de poluentes", explicou.
Ela mora em Itacimirim, Camaçari (Grande Salvador), e a escola da filha é em Imbassaí, Mata de São João, também na região metropolitana. "Além disso, as crianças adoram porque estão na companhia dos coleguinhas. Às vezes, um almoça na casa do outro", contou.
Ela não faz parte de um grupo específico, mas a pratica já faz parte da rotina.
"Só existe uma via de entrada de Itacimirim para a praia, então dou carona. São três quilômetros que as pessoas passam com peso sob sol ou chuva ou têm que pagar R$ 5 no moto-táxi. Então, não custa ajudar. Nunca tive problema", disse.
A arquiteta também conta com a ajuda de outros moradores da região. "Nem sempre a gente está de carro ou acontece de quebrar. As pessoas também param para me oferecer carona".
*Colaborou Meire Oliveira