O professor dá aula na Escola Politécnica da Ufba, na Federação
O professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Luiz Santiago de Assis, acusado por alunas da instituição de ter feito declarações homofóbicas e machistas diz estar com a consciência tranquila. A denúncia resultou no afastamento do servidor por 60 dias de suas atividades acadêmicas. "Não sei porque estão fazendo isso", afirma Santiago, que dá aulas para estudantes dos cursos de Física e Engenharia.
Uma comissão de sindicância da Universidade vai apurar as denúncias de homofobia e machismo assim como as piadas com conotação sexual que teriam constrangido as alunas.
Santiago explica que o procedimento jurídico de afastamento é normal, mas foi feito de forma errada. "Eu deveria primeiro receber uma advertência verbal, caso não mudasse meu suposto comportamento, uma advertência escrita, depois o mesmo procedimento por parte do meu diretor e, por fim, o afastamento pela ouvidoria", disse.
O professor afirmou que não é santo, mas que jamais teve problemas com alunos. "Nunca tive envolvimentos com alunas, posso ter feito uma brincadeira ou outra, mas nunca diretamente a um aluno", confirmou. Ele relata ainda que é muito comum uma convivência intensa entre professores e alunos, já que se vêm quase todos os dias.
"Falo de relacionamentos meus antigos na sala, dizendo que as pessoas não me entendiam, isso é normal", disse Santiago. O professor se refere a uma das denúncias de machismo apontadas pelas alunas, que dizem que ele ofendia suas antigas parceiras.
Santiago argumenta dizendo que sempre em sua carreira de 36 anos ajudou os alunos. "Muitas vezes dava aulas de graça para eles, além das aulas da universidade", acrescentando que que já recebeu apoio de alunos. "Muitos inclusive já enviaram depoimentos escritos, falando de mim e dizendo que posso contar na defesa".
Afastamento - O professor Raimundo Muniz Teixeira Filho, diretor do Instituto de Física, afirmou que todas as medidas estão sendo tomadas conforme prevê a Lei 8.122 do Regime Jurídico Único (RJU) para os servidores públicos civis da União, Estados, Distrito Federal e municípios.
Segundo o diretor, a comissão de sindicância tem um prazo de um mês, podendo ser prorrogado por igual período, para dar um parecer.
A denúncia, segundo o diretor, foi uma surpresa para a instituição. "Toda denúncia desse tipo nos deixa sempre muito chocados. Estamos cumprindo tudo que manda a lei e agora cabe à comissão de sindicância fazer a apuração", conta Teixeira Filho, que afirmou ter ficado sabendo das acusações contra o professor após documento emitido pela Ouvidoria da Ufba e da Escola Politécnica.
Com o afastamento do professor Luiz Santiago, as aulas das turmas foram assumidas por outros professores da instituição para que o semestre não seja prejudicado.
O professor Luiz Santiago de Assis é professor da Ufba desde março de 1979. Ele possui graduação em Bacharelado em Física pela Universidade Federal da Bahia (1977), especialização em Física Nuclear pela Universidade de São Paulo (1978), mestrado em Física pela Universidade Federal da Bahia (1988), doutorado em Ciencias em Otica e Lasers pela Universidade de São Paulo (1994) e pós-doutorado pelo Colorado State University (1999).