Francisco levou tiro de raspão na cabeça e um soco que fraturou osso da face
O rodoviário Francisco Portela, 28 anos, disse que vai carregar para sempre a dor de ter perdido o amigo, o pedreiro Antônio Carlos Costa Alcântara, de 42 anos, assassinado com um tiro nas costas justamente quando tentava socorrê-lo. Francisco levou um soco no rosto e um tiro de raspão na cabeça.
A recepcionista Andreia Calmon, 41, também foi alvejada com um tiro no glúteo. O autor de todos os disparos foi o tenente da PM Daniel Leite dos Santos, 37, que foi preso e autuado em flagrante no Departamento de Homicídios (DHPP). O oficial é lotado no Batalhão Especializado de Policiamento em Eventos (Bepe).
O crime ocorreu na noite de domingo, 12, na Estrada de Pirajá, próximo à empresa de ônibus Axé, durante a festa da lavagem do bairro. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, houve uma briga generalizada porque o tenente achou que estavam mexendo com a mulher dele e acabou realizando os disparos.
Uma guarnição da 9ª CIPM (Pirajá) prendeu Daniel, o levou para o DHPP e depois para a Corregedoria da PM. Agora o oficial está preso no Coordenadoria de Custódia Provisória (CCP), situada no Batalhão de Choque, na cidade de Lauro de Freitas.
Francisco contou que estava em um bar e ocorreu uma confusão em outro estabelecimento onde seu pai estava. "Fui ver se era com meu pai. Aí o cara já veio apontando a arma e eu levantei as mãos", diz.
'Perdendo o controle'
"Um amigo dele (do PM) me deu um murro aí eu caí desmaiado. Ele atirou em minha cabeça. Antônio foi me carregar e tomou um tiro nas costas", completa Francisco, dizendo que o tenente estava acompanhado de cinco amigos e três mulheres. José Luiz Costa Alcântara é sargento da Rondesp Atlântico e irmão de Antônio Carlos.
Ele conta que foi tentar acalmar o tenente Daniel ao vê-lo realizando os disparos no meio de várias pessoas. "Eu fui lá para conter ele e nem sabia que meu irmão já estava baleado. Ele apontou a pistola para mim e nem me reconheceu. Já trabalhei com ele algumas vezes", lembra o sargento.
Para ele, a dor de ter perdido um irmão assassinado por um colega de farda é maior. "São 24 anos na PM e vejo que a cada dia estamos perdendo o controle da situação. Não sei se é erro de formação... A gente fica entre a cruz e a espada", lamenta.