Antonio Cláudio foi reencontrado em Sergipe
Até julho de 2013, as informações sobre pessoas desaparecidas chegavam à Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP) - responsável pelas buscas em Salvador - por telefone. Atualmente, a situação é diferente. São as redes sociais e os aplicativos os maiores aliados da polícia e, também, dos familiares.
A maioria das pistas que levam os agentes até os desaparecidos chega por meio de informações e fotos enviadas para o número do WhatsApp da DPP - 71.8643-4007 -, lançado em abril deste ano; ou pela fanpage do órgão no Facebook, criada em agosto de 2013.
Segundo a titular da DPP, Heloísa Simões, o número de pessoas localizadas em Salvador cresceu 13,58% após a criação da fanpage do facebook e 6,77% após a utilização do WhatsApp.
Considerando-se o período entre janeiro e junho, verifica-se que, em 2012 - antes da implantação das ferramentas -, o percentual de indivíduos localizados era de 78%. Em 2015, esse índice subiu para 89%. Das 159 pessoas desaparecidas na capital baiana, no primeiro semestre deste ano, 142 foram reencontradas.
"As redes sociais e os aplicativos têm contribuído muito para localizar essas pessoas. Têm ajudado não somente no caso dos desaparecidos mas, para os órgãos de segurança pública em geral, a desmontar, inclusive, organizações criminosas", afirma a titular da DPP, Heloísa Simões.
No Facebook, são mais de 4.500 seguidores. Além disso, o órgão registra uma média de 50 mensagens por dia no WhatsApp. Os dados passados pelo aplicativo são filtrados e repassados para uma equipe responsável por monitorar as informações.
"O Facebook tem um resultado excelente, porque 70% das nossas ocorrências envolvem adolescentes em conflitos familiares. Quando a gente posta uma foto na página da delegacia, posta também no perfil do procurado. Ele vê, sabe que a polícia o está procurando e acaba retornando", diz.
Um outro recurso utilizado pelos agentes é o aplicativo SIPP (Sistema de Informação para Proteção à Pessoa), lançado em maio de 2014. O programa é gratuito e compatível com qualquer celular com os sistemas operacionais IOS, Android, Java, Windows e Symbiam.
A ferramenta oferece a possibilidade de identificar, por meio de fotografias, foragidos, autores pendentes de identificação, desaparecidos e infratores, permitindo a participação de toda a população no combate à criminalidade.

Rede
Não é apenas a polícia que tem utilizado ferramentas online em busca de pessoas desaparecidas. As famílias também têm criado uma comunicação em rede para localizar seus parentes.
Foi assim com Antônio Cláudio Santos, 40, que havia desaparecido no dia 29 de junho, em frente ao Hospital das Clínicas, e foi reencontrado na noite da última quarta-feira, no município de Cristinápolis, em Sergipe.
A família, que é testemunha de Jeová, criou um grupo no WhatsApp e convocou parentes, amigos e membros da congregação de todo o país, em uma verdadeira força-tarefa em busca de pistas.
"Desde que ele desapareceu, a comunicação era constante. Quando alguém via uma pessoa parecida na rua, fotografava e enviava para o grupo com o endereço e o horário. Quem estivesse mais próximo, se dirigia ao local para verificar", conta o primo de Antônio, Andreson Moraes.
Antônio reside no município de Alagoinhas e, frequentemente, viajava a Salvador para tratamento psicológico, após ser diagnosticado com depressão. Ele não lembra o que fez durante os 17 dias em que esteve sumido e nem como foi parar em Cristinápolis.
Ele recordou, no entanto, que já havia estado na cidade e, lá, buscou uma unidade da sua congregação religiosa. A família foi comunicada e , logo, todos já estavam sabendo do reaparecimento.
"Assim que o encontraram, nos avisaram pelo WhatsApp. Mudamos o nome do grupo de 'Desaparecido' para 'Achado', diz Andreson, aliviado.
O mesmo aconteceu com a família de Maria Rita Peixoto, 64, viciada em jogos e dependente de álcool. Ela passou quatro dias desaparecida e a família recorreu ao WhatsApp em busca de uma pista que indicasse onde estava.
"Fomos espalhando a notícia por meio do aplicativo e, de repente, formamos uma rede gigantesca de pessoas, do Brasil e de fora do país, dispostas a ajudar", conta a filha, Joana Peixoto, 39.
Veracidade
Para aqueles que deixam de compartilhar as informações com receio de que sejam inverídicas e 'fakes', a orientação é buscar a lista de desaparecidos no site e na fanpage da DPP.
"Há situações em que ultrapassamos 20 mil compartilhamentos. Isso nos ajuda muito. Na dúvida, a pessoa pode se certificar da veracidade do caso, consultando a nossa rede", diz Heloísa Simões.
A delegada afirma que a fanpage reúne casos de outros lugares da Bahia: "Orientamos policiais civis de todo o estado a nos enviar a cópia do BO (boletim de ocorrência) e a autorização de publicação de imagem para que a gente possa divulgar por meio das ferramentas que dispomos".