Pesquisa avaliou peso de população adulta de Salvador
Mais da metade da população adulta de Salvador está com excesso de peso. Segundo a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel - 2014), do Ministério da Saúde (MS), 52,2% dos adultos estão acima do peso.
Em Salvador, o consumo de frutas e hortaliças é baixo. Só 29,7% dos adultos consomem esses alimentos, em cinco ou mais dias por semana, e 19,7% substituem refeições por lanches sete ou mais vezes por semana.
Não há dados que relacionem diretamente obesidade e mortes, mas, segundo o MS, no Brasil 74% dos óbitos são causados por doenças crônicas não transmissíveis, como os problemas cardiovasculares, hipertensão e diabetes, que estão relacionados ao excesso de peso, má alimentação e falta de atividade física.
Neste contexto, com a saída do Brasil do mapa da fome, a qualidade da alimentação e o aumento de pessoas acima do peso têm sido alvos de preocupação.
O assunto é um dos focos dos debates previstos para acontecer, desta quarta-feira, 26, a sexta, 28, na 5ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional da Bahia. A abertura está marcada para 10h, no Hotel Fiesta (Itaigara). A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, confirmou participação.
Segundo o secretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Arnoldo de Campos, nos anos 1970 cerca de 20% dos brasileiros adultos estavam acima do peso. Hoje, são 52,5%. Para ele, o problema é mundial: "Nossa tendência é alcançar os EUA, um dos campeões de obesidade, até 2020. O epicentro dessa pandemia é o padrão americano".
Campos diz que a situação é similar ao caso do cigarro, há nove anos. "O cigarro estava associado a um estilo de vida positivo. A alimentação tem um pouco disso também, associando a melhoria de renda a alimentos processados e fast-food".
Por conta disso, o governo federal está planejando ações tão enfáticas quanto às adotadas em relação ao consumo de cigarro, como a elevação de tributos, que reduziu o uso do tabaco em 32% em oito anos. "O desafio é como conscientizar o cidadão de que precisa mudar o hábito", diz Campos.

Bahia
O tema central da conferência, segundo o secretário, será a alimentação saudável. "Na Bahia, há grupos que ainda vivem em situação de insegurança alimentar, como indígenas, quilombolas e rurais. O acesso ainda é complicado. A Bahia é um grande produtor de alimentos. Vamos discutir como ampliar a agricultura familiar, fortalecer os pequenos produtores e ampliar a oferta", pontua Campos.
Outra questão é o acesso a alimentos saudáveis em bairros periféricos. "Legumes, frutas e verduras muitas vezes não estão disponíveis nos bairros, só alimentos processados. Vamos discutir como melhorar o abastecimento", diz.
As crianças são o principal alvo de preocupação. Na década de 1970, no Brasil, 5% delas estavam acima do peso, índice que saltou para 30% mais de 40 anos depois. Comparando com o cigarro, Campos afirma que a situação só passou a ser discutida quando o debate chegou ao nível internacional.
"No Brasil, era muito difícil discutir", aponta Campos. O gestor acredita que a situação em relação à alimentação saudável só irá ter mudanças efetivas com o debate internacional, que já está sendo realizado. "Estamos trabalhando a construção de pactos internacionais com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)", afirma.