Jean Wyllys acusou cultura do consumo de influenciar jovens
O deputado federal Jean Wyllys (Psol/RJ) participou na manhã desta sexta-feira, 28, em Salvador, de um debate sobre a Lei da Maioridade Penal, que está em tramitação no Congresso Nacional. O evento aconteceu no no Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no Canela, e contou com a participação do reitor da universidade, João Carlos Salles, pró-reitora de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil, Cassia Virginia Bastos Maciel, e da coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Lorena Pacheco.
Durante a discussão sobre a proposta de emenda constitucional (PEC) aprovada pela Câmara dos Deputados, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, o deputado baiano enfatizou o seu posicionamento contra a redução.
Ele defende a ressocialização de jovens apreendidos e explicou que a reincidência de adultos no mundo do crime é de 60%, enquanto que a de adolescentes chega a 19%. Além disto, 70% dos crimes cometidos por jovens menores de 18 anos são contra o patrimônio público, e não contra a vida, segundo Wyllys.
Um caso citado durante o evento foi o de Roberto Aparecido Alves Cardoso, conhecido como Champinha, que em 2003 participou do assassinato do casal Felipe Caffé, de 19 anos, e Liana Friedenbach, de 16. O crime chamou a atenção na época pelas características de crueldade.
Os dois jovens tinham ido acampar na mata de Embu-Guaçu, em São Paulo, quando foram abordados por quatro homens e pelo adolescente. Felipe foi assassinado com um tiro na nuca e Liana foi torturada e estuprada antes de ser morta a facadas pelo próprio Champinha, que foi apreendido e passou três anos na Fundação Casa cumprindo medidas educativas.
Entretanto, 12 anos após o crime, Champinha, atualmente com 28 anos, permanece internado na Unidade Experimental de Sáude, sob custódia do Estado de São Paulo, pois foi diagnosticado com problemas psiquiátricos e perigoso para voltar ao convívio social. Nesta quinta-feira, 27, o juiz Willi Lucarell, diretor do Fórum de Embu-Guaçu, decidiu pela manutençãoi da internação do acusado e determinou a apresentação de novos laudos psiquiátrico e psicossocial em 1º de março de 2016.
Sobre este caso, o deputado Jean Wyllys afirmou que as crianças deveriam estudar desde cedo para que não acontecesse com elas o mesmo que ocorreu com o criminoso do caso anterior. "Gostaria que Champinha fosse ressocializado", revelou ele.

Deputado participou de debate na Ufba sobre redução da maioridade penal (Foto: Marco Aurélio Martins | Ag. A TARDE)
O deputado também ressaltou que as pessoas que defendem a redução da maioridade penal possuem um "desejo de vingança" e agem pelo discurso emocional, ao invés de utilizaram a razão para avaliarem os casos.
Além disto, ele citou a cultura do consumo como uma espécie de "incentivo" para os crimes cometidos por adolescentes, uma vez que eles desejam os produtos expostos em propagandas e podem ser seduzidos pelo mundo da criminalidade, de acordo com o deputado.
Questionado sobre o seu posicionamento político frente a questões polêmicas da sociedade, Jean Wyllys respondeu que o "homem público justo não pode ter medo de ser impopular". Segundo ele, atualmente as pessoas optam por soluções mais fáceis.
Após a palestra de abertura, foi aberto o debate, que teve a contribuição de representantes da sociedade civil e de organizações sociais, entre elas a presidente da APUB Sindicato, Cláudia Miranda, e a ouvidora-geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia, a socióloga Vilma Reis.