Título foi dedicado a profissionais, alunos e jovens pobres
Fundador do Projeto Axé, que completou 25 anos de fundação em junho último, o italiano Cesare La Rocca agora é, oficialmente, um cidadão baiano. A honraria foi concedida nesta quinta-feira, 3, em sessão especial na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), no Centro Administrativo da Bahia (CAB).
A cerimônia de entrega do título - proposto pela deputada Maria del Carmen e pelo então deputado Nelson Pelegrino, ambos do PT - teve a cara do trabalho realizado pelo projeto: apresentações dos jovens que integram a organização, com orquestra de berimbau e grupos de dança.
Diante da homenagem, La Rocca disse se sentir "honrado" pelo reconhecimento do trabalho iniciado pela organização não governamental (ONG) na década de 1990. Ao mesmo tempo, o presidente do Projeto Axé afirmou estar "constrangido" pela condecoração.

Grupo de dança do projeto se apresentou para os convidados em sessão especial realizada na manhã desta quinta-feira
Merecimento
"Honrado, por me tornar cidadão do estado que originou o país, o mais importante para mim, dono de uma cultura trazida pela África e Europa, que resultou nessa miscigenação", comemorou. "E constrangido porque há muitas outras pessoas que merecem mais esse título do que eu", explicou.
Do alto da tribuna, Cesare La Rocca dedicou o título aos profissionais que caminharam ao lado dele na fundação do Axé, aos alunos da ONG, àqueles que passaram pela organização e aos jovens das comunidades pobres de Salvador.
Proponente da sessão especial, ao lado do atual secretário do Turismo, Nelson Pelegrino, a deputada Maria del Carmen afirmou que esta homenagem já havia sido planejada há tempo, motivada pela história de trabalho de Cesare em prol dos direitos humanos no Brasil.
"Esse título é o mínimo que podemos oferecer pelo trabalho que Cesare vem desenvolvendo durante sua vida, inclusive na participação de redator do Estatuto da Criança e do Adolescente", justificou. "Agora, ele é tão baiano quanto todos aqueles que nasceram aqui", completou.
Para Pelegrino, um dos grandes méritos do Axé foi proporcionar a profissionalização dos educadores de rua que já atuavam em Salvador. "Ele acreditou na pedagogia do desejo. Assim, o Axé deu uma direção aos meninos de rua, tornou jovens desacreditados em cidadãos", elogiou.