Imóveis ameaçados por cratera ficam na rua Osvaldo Martins de Castro
"Estou muito triste. A gente está quieta no nosso canto e de repente tem que sair. Agora inventaram de passar tudo por baixo do chão", desabafou a doceira Martha Pereira de Jesus, 54 anos, que reside na Rua Boa Ventura há 28 anos.
Ela e o marido José Arcanjo de Jesus, 57, integram uma das 65 famílias que precisaram sair de suas casas após uma cratera se abrir na rua Osvaldo Martins de Castro, no trecho sobre a obra de um túnel do Corredor Transversal I - que vai ligar o bairro do Lobato a Pirajá. Nesta sexta-feira, 9 , o casal recebeu R$ 600 do Consórcio Transoceânico Salvador (CTS), referentes ao auxílio-aluguel e, no final da tarde, mudaram para um imóvel alugado na rua da Horta, no mesmo bairro.
Nos últimos três dias, eles dormiram na casa de uma tia de Martha na rua da Horta. "Passo o dia todo vigiando as coisas e à espera de um posicionamento sobre até quando teremos que ficar fora de casa", disse José Arcanjo. A vigília é para inibir a ação de bandidos que podem invadir o imóvel e roubar os pertences, conforme relataram.
Por falta de tempo, o casal Antônio Marcos, 38, e Eliana dos Santos dos Santos, 29, não conseguiu pegar o benefício até o final da tarde desta sexta e, por isso, teria que passar mais uma noite no imóvel. Eles moram lá há três meses. "Eu quero sair daqui, não me sinto bem", disse Eliana.
Mudança
Moradores relataram que, além do dinheiro para aluguel do imóvel - R$ 600, em média - a CTS colocou um caminhão à disposição para fazer as mudanças. Quem preferiu, foi levado a um hotel na Calçada, segundo a assessoria da CTS.
O líder comunitário José Augusto Santos Damasceno, 45, o Jota Augusto, disse que, além do transtorno de ter que deixar as casas, os moradores se queixam da falta de posicionamento da CTS sobre o período em que terão que ficar fora.
"Não tivemos posicionamento sobre a dimensão do problema", disse. A assessoria da CTS informou que a situação está sendo diagnosticada. Além disso, com exceção da casa onde houve a erosão, os demais imóveis têm previsão de liberação em 30 dias. A CTS informou ainda que os laudos solicitados pela Sucom para checar se será possível dar continuidade às obras estão sendo providenciados.