Preços dos eletroeletrônicos não foram dos mais convidativos
Em ano de crise, a movimentação nos estabelecimentos comerciais ontem em torno da Black Friday - ação promocional que anuncia a venda de produtos com até 70% de desconto - foi considerada "morna" pelos lojistas da capital baiana.
O dia dedicado às ofertas também não animou os consumidores. A procura por produtos foi aquém do que aconteceu no ano passado, quando houve alvoroço entre interessados em comprar produtos como eletrônicos e eletrodomésticos.
A equipe de reportagem de A TARDE percorreu ontem os principais shoppings da cidade e o comércio de rua para acompanhar a 'saga' de quem saiu em busca de produtos baratos e observou descontentamento, tanto para clientes quanto para os lojistas.
Na avenida Sete de Setembro, Centro, por volta das 6h30, uma pequena fila em frente a uma grande loja de eletrodomésticos foi formada antes do horário previsto para a abertura, programada para 7h.
Quem acordou cedo e aguardou a abertura dos portões das lojas se decepcionou com os preços e com a qualidade dos produtos em promoção.
A vendedora Cristiane Lima da Silva, 20, foi a primeira a chegar à fila. Ela acordou às 5h30 e até pediu dispensa no trabalho para tentar pesquisar preços dos móveis e eletrodomésticos.
A intenção de Cristiane era comprar um sofá, armários para a cozinha e um guarda-roupa. Porém apenas o preço do último item foi considerado por ela como "convidativo".
"Vi na televisão muitas ofertas, mas, quando cheguei, os únicos produtos baratos que encontrei eram os de marcas ruins. Vou levar apenas o guarda-roupa, que estava por R$ 699 no início da semana e hoje reduziu para R$ 299", contou.
O empresário Almiro Conceição, 51, comprou um armário mas não saiu satisfeito com o negócio: "Consegui um desconto de 20%, mas, pelo apelo da campanha, pensei que seria mais vantajoso".
Gerente de uma loja de eletrodomésticos de um grande shopping da cidade, Míriam Lisboa considerou que as vendas estiveram um pouco abaixo do esperado pela rede.
"Foi uma 'black fraude', pois mobilizamos vendedores, decoramos as lojas, reduzimos o que podíamos e as vendas não foram tão expressivas", disse.
Crise
A estimativa dos setores econômicos era que a Black Friday movimentaria até R$ 22 milhões na capital baiana. No entanto, para o presidente do Sindicato dos Lojistas da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, tal meta não deverá ser alcançada.
Ele atribui à crise econômica do país a redução do número das vendas durante a ação promocional. "O movimento morno deste ano é o retrato da crise que estamos vivendo em todo o Brasil. O vendedor não pode reduzir demais o preço da mercadoria e o cliente está mais cuidadoso na hora de comprar", avaliou.