Ainda não há informações sobre a motivação do crime
Três ônibus foram queimados e outros dois depredados no Vale das Pedrinhas, em Salvador, nesta terça-feira, 1º. A motivação seria uma retaliação depois que uma mulher e três crianças foram baleadas em confronto no Nordeste de Amaralina nesta manhã. Todos foram encaminhados ao Hospital Geral do Estado (HGE) e a mulher, identificada apenas como Lilian, não resistiu aos ferimentos e morreu à tarde. Os coletivos pararam de circular na região por tempo indeterminado e ninguém ficou ferido no ato.
Os leitores de A TARDE mandaram fotos da fumaça na região. O fogo de um dos carros se alastrou para uma residência, segundo registro da Superintendência de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar (Stelecom), mas as chamas já foram controladas pelos Bombeiros. Moradores informaram que houve muita confusão e o comércio fechou mais cedo.
O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Fábio Primo, informou que a categoria transferiu o final de linha para o Parque da Cidade e solicitou reforço policial para dar segurança à retirada dos veículos que ainda estão no local. Segundo ele, ainda não é possível informa se os carros voltam a circular na região na quarta-feira, 2: "O serviço só voltará ao normal quando a categoria se sentir segura para trabalhar".
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) reforçou o policiamento local, com o Batalhão de Choque, o Garra, a Operação Apolo, Operação Gêmeos e a Rondesp Atlântico reforçassem a segurança na região do Nordeste de Amaralina. O Grupamento Aéreo da PM também está fazendo o patrulhamento na área.
"Qualquer ameaça à tranquilidade da população sempre vai reforçar o policiamento ostensivo. A Polícia Militar da Bahia está obrigada a aumentar seu efetivo em áreas que são alvos de boatos sobre toques de recolher por meio de redes sociais para que possamos oferecer toda a segurança necessária. Vamos identificar a todo custo os responsáveis por distribuir essas falsas informações". declarou, por meio de nota, o secretário Maurício Barbosa, após registro de atos de violência no bairro.
Ainda no comunicado, o secretário disse que - para os sindicatos de rodoviários, os usuários do transporte público e as empresas de ônibus - a SSP e a Polícia Militar sempre estarão de portas abertas para reforçar a segurança nas regiões onde houver este tipo de ameaça e evitar a paralisação da prestação do serviço. "Nós vamos manter este canal sempre aberto para que o reforço do policiamento aconteça e evite a paralisação do transporte público".
Os moradores informaram que cerca de 20 homens armados abordaram os coletivos por volta das 14h. Há ainda um registro de troca de tiros na Central de Polícia. Eles disseram ainda que o grupo liberou a região às 17h30.
Tiroteio em Amaralina
A SSP confirmou que policiais trocaram tiros com cinco suspeitos armados por volta das 12h desta terça. A instituição informou ainda que a Corregedoria da Polícia Militar está ouvindo os militares envolvidos na ocorrência e um Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias dos fatos. As armas utilizadas já foram requisitadas.
"Bandidos não têm preocupação com ninguém, quanto mais pessoas inocentes eles colocarem na linha de frente, melhor para eles. Também temos que ouvir o lado das policiais e evitar qualquer tipo de pré-julgamento. Somos totalmente solidários aos familiares das vítimas dessa ocorrência e toda a estrutura do Estado foi colocada para atender essas pessoas", completou Barbosa, em nota.
Ainda segundo a Secretaria, quando os policiais da 40ª CIPM foram recebidos a tiros, foram atingidas três crianças e uma mulher. As vítimas feridas foram encaminhadas para o Hospital Geral do Estado.
Um protesto de três horas foi realizado em frente à Corregedoria da PM, na Pituba, pela mesma motivação do ato no Vale das Pedrinhas. A Stelecom informou que cerca de 40 moradores do Nordeste de Amaralina participaram do protesto.
Toque de recolher
Em novembro, supostos toques de recolher difundidos por áudio em um rede social assustaram a população de diversos bairros de Salvador. A primeira ocorrência foi nos bairros de Santa Mônica, Pero Vaz, Liberdade e IAPI, no dia 11 de novembro. Na ocasião, os rodoviários só voltaram a circular na região um dia após a ordem.
No dia 15, o alvo foi a Ribeira depois que um áudio ordenou que estabelecimentos fechassem as portas e as pessoas não saíssem de casa. Já nos bairros de Cajazeiras, Boca da Mata, Fazenda Grande e Águas Claras, a ameaça foi no dia 13. Nesse caso, funcionários do Correios não entraram na região. O último registro foi em Narandiba, quando estabelecimentos comerciais e escolas fecharam as portas mais cedo no dia 16.
Em todos os casos, os supostos toques eram retaliações contra a morte de alguém no dia anterior, segundo os ameaçadores. A Polícia Militar disse que "boatos e ameaças via aplicativo WhatsApp não podem comprometer o direito de ir e vir da população, e a Polícia Militar afirma que a intensificação será mantida até quando for necessário".


