Caminhão invadiu uma casa na rua Pedro Lopes, no bairro de Praia Grande
Entre idas e vindas com os passageiros, o mototaxista Fabrício Alves dos Santos, 28 anos, alimentava um desejo: ser pai. "A gente estava pensando em ter filhos. Meu marido era uma pessoa muito boa", descreveu, emocionada, Jaqueline de Jesus Silva, 25, após confirmar que o corpo diante de seus pés era o do marido.
Um sonho interrompido bruscamente, depois que um caminhão desgovernado desceu uma ladeira e invadiu um imóvel de três andares na Rua Pedro Lopes, em Praia Grande, no subúrbio ferroviário. O acidente ocorreu por volta das 10h30 da manhã desta quarta-feira, 8.
Roque Mário de Jesus, 40, que acompanhava Fabrício na garupa da moto, também não resistiu e morreu no local. Ele morava perto dali e iria para casa almoçar, segundo uma sobrinha. Jucélio Ramada da Silva, 26, condutor do caminhão, Fernando Costa de Souza, o carona, e Rita de Cássia Silva de Jesus, 53, moradora do edifício, ficaram feridos após a colisão.
Os três foram levados para o Hospital do Subúrbio. Policiais militares informaram que outros dois homens estavam na caçamba do veículo. Eles conseguiram escapar e tiveram escoriações pelo corpo.
O comerciante Fábio Magalhães, 35 anos, subia a ladeira quando viu o caminhão descer em sua direção. "Ele veio embalado, pegou a moto e saiu arrastando. Subi no meio-fio e escapei com arranhões", relatou ele, que teve o carro atingido na lateral e escapou ileso.
Técnicos da Codesal disseram que, por haver risco de desabamento, as três famílias que vivem no imóvel precisaram sair. De acordo com o órgão, hoje as equipes farão o escoramento da estrutura para, a seguir, retirar o caminhão.

Acidente chamou atenção de moradores vizinhos (Foto: Lucas Melo | Ag. A TARDE)
O condutor do caminhão, Jucélio Ramada da Silva, 26 anos, que ficou preso às ferragens, e o passageiro dele, Fernando Costa de Souza, também ficaram feridos e foram socorridos por equipes do Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (Samu) para o Hospital do Subúrbio. O estado de saúde deles é desconhecido.
A quinta vítima é Rita de Cássia Silva de Jesus, 53 anos, moradora da casa atingida. Ela estava saindo para jogar o lixo com uma criança de três anos no braço, que não foi ficou ferida. Rita sofreu escoriações e também foi levada para o Hospital do Subúrbio. De acordo com familiares, ela foi atendida e passa bem.
O engenheiro da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Antônio Figueiredo, disse que há risco de desabamento no prédio. Será feito um escoramento do imóvel antes da retirada do veículo.

Caminhão desgovernado atingiu uma das vigas da casa (Foto: Lucas Melo | Ag. A TARDE)
Comunidade
"Eu estava na hora que o rapaz pediu a corrida. Fabrício deu o preço e veio. Poucos minutos depois, recebemos a notícia. É uma pena, pois era um cara trabalhador e gente boa", lamentou o mototaxista Djanílson Souza, 40, amigo de Fabrício, que trabalhava no mesmo ponto que ele, em Periperi.
Irmão de Rita de Cássia, que sofreu ferimentos leves, o autônomo Maurício José Silva disse que "por Deus, a tragédia não foi maior", já que ela estava com a sobrinha de 3 anos no colo e no local onde o caminhão invadiu funciona um bar.
"Eu estava na janela quando aconteceu. Ela tinha saído para jogar o lixo. Aí o caminhão veio desbandeirado, pegando tudo pela frente. A sorte foi que um rapaz, filho dono do bar, conseguiu pegar a criança. Ela teve algumas lesões, mas passa bem. Vamos ter que sair de casa, mas isso é o mínimo diante de um susto como esse", contou. Vizinho da casa atingida, o motorista Aloísio Damasceno disse ter acordado com um barulho "muito forte".
Alto risco
Da varanda de uma casa localizada no meio da ladeira, a manicure Sara dos Santos, 24, disse que tudo foi muito rápido. "Eu estava aqui conversando. Foi quando vi um caminhão vindo nessa direção, tentando frear. Só não derrubou o muro porque desviou, depois de bater no carro. A moto também estava subindo", detalhou.
Moradores da região afirmaram ao MASSA! que, por ser íngreme, a ladeira oferece riscos de acidentes como o de ontem. "Mesmo assim, há muita imprudência, principalmente dos motociclistas, que só passam voando", acrescentou.