Carro que transporta a cabocla e o caboclo em desfile é retocado
Como parte das comemorações pelos 193 anos da Independência da Bahia, o fogo simbólico chega nesta sexta-feira, 1º, a Salvador. A tocha saiu nesta quinta, 30, de Cachoeira (a 116 km da capital), no Recôncavo baiano, após receber a bênção na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.
Em Salvador, o fogo será usado para acender a pira em homenagem ao general Pedro Labatut, no bairro de Pirajá. Contratado pelo príncipe regente dom Pedro de Alcântara (Pedro I), em 1822, o militar francês foi um dos heróis na luta pela emancipação da Bahia contra o domínio dos portugueses.
Até chegar à capital, o fogo simbólico percorre as cidades de Saubara, Santo Amaro da Purificação, São Francisco do Conde, Candeias e Simões Filho, municípios que, historicamente, fizeram parte do trajeto percorrido pelos soldados do Exército Libertador.
A chegada da tocha ao Panteão de Pirajá está prevista para ocorrer por volta das 16h, quando haverá uma cerimônia com os prefeitos de Salvador, ACM Neto, de Simões Filho, Eduardo Alencar, as Forças Armadas, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar.
Te Deum
Também como parte das celebrações pela independência, o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, presidirá o Te Deum (a Ti, Deus, em português), às 9h. A cerimônia será realizada na Igreja São Pedro dos Clérigos, no Terreiro de Jesus (Pelourinho) [confira programação completa dos festejos abaixo].
A celebração homenageará o historiador Luís Henrique Dias Tavares, 90 anos, cuja presença está confirmada. Tavares é autor, dentre outras publicações, de livros como História da Bahia (Edufba, 2009) e Independência do Brasil na Bahia (Edufba, 2005).
Às 11h, a Câmara Municipal promove uma homenagem aos heróis da independência, no salão nobre, com um pronunciamento do presidente da Casa, o vereador Paulo Câmara.
Ícones
O tema do desfile ao 2 de Julho traz uma homenagem ao caboclo e à cabocla, que percorrem o trajeto entre a Lapinha e a praça Thomé de Souza. Às 18h, o Teatro Kanuzà Nossa Casa promove um debate sobre esses dois símbolos da independência, na rua Areal de Cima, 40, bairro Dois de Julho.
Os ícones guardados pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) representam os povos indígenas que participaram das lutas pela independência.
Salvador, 3 de novembro de 1821
Militares brasileiros ocuparam a praça da Câmara para exigir a renúncia da Junta de Governo obediente às Cortes, que havia sido nomeada pelo conde de Palma. Um contingente da Legião Constitucional Lusitana, sob comando do brigadeiro português Inácio Luís Madeira de Melo, cercou a praça e ruas adjacentes e prendeu dezenas de manifestantes militares. Os choques entre brasileiros e portugueses continuaram em confrontos isolados, nesse mesmo dia, com várias mortes de soldados brasileiros. O clima na antiga capital colonial era de revolta contra a dominação lusitana.
Salvador, 15 de fevereiro de 1822
Chegou a Salvador o navio-correio Leopoldina, trazendo para Madeira de Melo - nomeado por Lisboa para governador das Armas da Bahia - a carta-régia para sua nomeação. Madeira quis tomar posse imediata, mas foi impedido pelo tenente-coronel brasileiro Freitas Guimarães. Em 18 de fevereiro, militares portugueses começaram a invadir casas em buscas de revoltosos. No dia 19 de fevereiro, os portugueses invadiram o Convento da Lapa e feriram mortalmente a abadessa Joana Angélica com golpes de baioneta, o que provocou a morte dela no dia seguinte.
Cachoeira, 25 de junho de 1822
O centro do poder econômico ficava no Recôncavo. Cachoeira era o centro da reação. Lá, os senhores de grande poder se movimentavam contra Madeira, que controlava Salvador. Radicados em Cachoeira, alguns portugueses alertaram a capital sobre a conspiração. Os patriotas reuniram 400 homens de todas as classes sociais para enfrentar a escuna enviada por Melo à cidade. A escuna atacou por dois dias, mas, diante da resistência baiana, os homens de Madeira se entregaram. Em 7 de setembro, o Brasil estava independente de Portugal, mas a Bahia ainda não.
Salvador, 2 de julho de 1823
Pressionado, Madeira ataca Itaparica em 13 de outubro de 1822. No dia 29, após assumir o Exército Brasileiro, o general Labatut envia um ultimato a Madeira, encastelado em Salvador. Sitiado, cercado por terra e mar, a caminho do colapso pela fome e doenças, Madeira decide abandonar Salvador em 20 de junho de 1823, antes de a cidade ser invadida pela tropa do coronel Lima e Silva. Na manhã de 2 de julho, as brigadas brasileiras adentram a cidade pela antiga Estrada das Boiadas, na Liberdade, passam pelo Convento da Soledade, pelo Forte do Barbalho, até chegar ao Terreiro de Jesus.