Zélia Gattai viveu por cerca de quatro décadas na casa que hoje é um memorial a ela e ao marido, Jor
A influência da vida e trabalho de Zélia Gattai atraiu uma média de 500 visitantes à sua antiga casa no Rio Vermelho, neste sábado, 2. Em homenagem ao aniversário da escritora, fotógrafa e memorialista, que comemoraria 100 anos neste 2 de julho, a Casa do Rio Vermelho inaugurou uma série de celebrações que se estende até o fim do mês.
As comemorações foram iniciadas com o pré-lançamento, na residência onde a família morou por aproximadamente 40 anos, do livro Pituco, novo trabalho de Paloma Amado, 64. A obra da filha de Zélia Gattai e Jorge Amado conta a história da ave de estimação Pituco, um sofrê, que, entre as décadas de 50 e 70, viveu com a família.
O trabalho de elaboração do livro foi possível, segundo a autora, a partir de lembranças, relatos de familiares, amigos e de fotos tiradas por sua mãe. ''Um dia, ainda quando morávamos no Rio de Janeiro, o João (Gilberto) foi ao nosso apartamento e começou a tocar uma nova música. Quando acabou, o Pituco reproduziu a melodia da canção. O João Gilberto, que já era maluco, ficou ainda mais. Ele não conseguia acreditar'', relembra Paloma.
A obra Pituco, vendida a R$ 25, o exemplar, na ocasião, será comercializada na própria Casa do Rio Vermelho, na Fundação Jorge Amado (Pelourinho) e no site da Fundação. O valor ainda não foi definido.
Lar na Bahia
Paulistana que adotou a Bahia como lar, Gattai nasceu no dia em que a independência do estado foi proclamada. Para Paloma Amado, a presença da mãe é inegável na cultura baiana contemporânea. A escritora recebe, semanalmente, cartas de fãs.
''Mamãe ainda existe, ela está aqui. A última carta que recebi foi a de um menino de 16 anos que queria saber sobre o envolvimento dos meus pais com o Partido Comunista. Jorge e Zélia existem para as novas gerações também'', diz a autora.
O interesse e fascínio pela obra do casal atravessam o tempo e passam de gerações. ''Li Capitães da Areia na escola e a minha filha acaba de ler o mesmo livro pela primeira vez'', conta o funcionário público Paulo Roberto Oliveira, 42, que compareceu ao pré-lançamento com a filha.
"Agora vou ler Pituco, um livro de outra geração da família", diz a estudante Muriel Oliveira, 17. As comemorações do centenário de Zélia Gattai vão até o dia 29 de julho com saraus de artistas, apresentações, shows e outras atrações. O valor de entrada na Casa do Rio Vermelho é de R$ 20.