Enquanto aguardam a adoção, crianças e adolescentes são encaminhadas pela Justiça para alguma das cerca de 20 instituições de acolhimento da capital baiana, a exemplo da Organização de Auxílio Fraterno (OAF), entidade sem fins lucrativos que abriga, atualmente, 72 pessoas.
Assistente social, a coordenadora técnica da OAF Cleide Carvalho corrobora a versão do magistrado, de que a procura maior se restringe a meninas brancas, de cabelos lisos, com até 1 ano, sobretudo por parte dos casais heterossexuais.
“Entre casais encaminhados para cá, os homossexuais não chegam com intuito de escolher. São os que adotam os meninos, mesmo com idade mais avançada”, conta. “Uma criança com 7 anos está praticamente sem possibilidade de adoção, que vai até 4 anos”, afirma.
Tempo
Com o passar dos anos, para os mais velhos, a permanência nas instituições de acolhimento vem acompanhada de tristeza, mesmo com o amor que recebem dos funcionários. “A cada pessoa que chega, reacende nelas a esperança de ter um lar. Aí vem a decepção, quando são preteridas”, diz.
A assistente explica que o Estatuto da Criança e do Adolescente preconiza que o tempo de permanência não deve ser maior que dois anos, tempo em que as instituições de acolhimento têm para tentar a reinserção da criança no núcleo familiar biológico do qual foi afastada.
“A adoção é a última opção. Passa a ser alternativa se a rede de proteção da criança não consiga reinseri-la nesse núcleo familiar”, aponta. “Quanto mais o tempo passa, mais se torna possível haver reflexos negativos no rendimento escolar, na autoestima, no psicólogo, que vão afetar a vida adulta”, analisa.
Presidente da entidade, o advogado Josias da Silva frisa que quem pretende adotar precisa se libertar dos preconceitos impostos pela sociedade. “A adoção é um gesto de amor. Nesse sentido, é preciso que estejam com a mente aberta para se doar por completo a essa criança”, conclui.