Vigilante Luan César desfrutará só da contemplação no interior do forte, enquanto a visitação não é liberada
Pelo menos até janeiro próximo, o vigilante Luan César Nascimento, de 23 anos, vai poder desfrutar com exclusividade da vista privilegiada do Forte São Marcelo, na Baía de Todos-os-Santos.
Ele, que faz a segurança do local diariamente, entre 7h e 19h, trabalha ali há sete dias, desde que as obras de recuperação do monumento foram finalizadas pela empresa Ônix Construções S.A, sob a supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Na sexta-feira, 18, o vigilante recebeu visitas ilustres para a entrega oficial do “forte do mar”, que já completa cinco anos de portas fechadas.
Integrante do grupo, o diretor da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro, previu esse prazo de espera, até a definição do uso que a prefeitura dará ao espaço histórico.
Entre dezembro e janeiro, segundo Guerreiro, as ideias já propostas serão avaliadas pelo órgão para a reabertura acontecer “o mais rápido possível”. Enquanto isso, Luan César permanecerá no time reservado de pessoas que têm acesso ao local. “A vista é tudo de bom, esse mar, a natureza. Aqui é tranquilo”, afirma o vigilante, que todos os dias vai do bairro de São Caetano para o monumento.
Das 40 obras previstas para a Bahia no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas – programa federal para 20 estados – quatro estão em andamento e duas foram entregues na sexta, além do forte a Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Domingos Gusmão, que estava fechada há 22 anos.
O valor total do investimento para o estado é de R$ 202 milhões, sendo R$ 142 milhões somente para Salvador. Não há previsão para o término de todas as intervenções. No entanto, segundo a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, não está garantido que as outras obras na Bahia serão executadas, por causa da crise no país. A prioridade são as já em andamento.
“Risco tem, claro. O ministério (da Cultura) está se empenhando junto ao presidente Michel Temer. O país é gigantesco. As necessidades são muitas. Não podemos deixar de ter em mente que estamos passando por um momento de muita dificuldade financeira. Tem que realmente apertar o cinto”, afirmou ela.
Em Salvador, estão em andamento obras na Catedral Basílica, o anexo ao Plano Inclinado Gonçalves, a Igreja do Paço e os casarões vizinhos à Igreja da Conceição da Praia. Há obras previstas, também, para Itaparica, Maragogipe e Santo Amaro.
Verbas
Foram liberados R$ 200 milhões para as obras em andamento de todos os estados do país contemplados com o PAC Cidades Históricas, criado em 2008. A seleção dos monumentos foi feita com base na importância histórica e no estado atual dos imóveis.
“Mas o governo está preocupado para que as obras que estão em andamento não se paralisem. Essas estão com recursos garantidos. Quanto ao restante, a gente está lutando muito”, disse a gestora.