Ambulantes alegam que guardas municipais chegaram atirando
Uma operação de ordenamento do comércio informal da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) virou um caso de polícia na manhã desta terça-feira, 22, no bairro de Cajazeira 10. Isso porque ambulantes da Rótula da Feirinha acusam guardas municipais de agirem de forma truculenta contra eles.
A confusão ocorreu por volta das 9h30, quando os funcionários da prefeitura tentavam recolher as mercadorias dos ambulantes. O feirante Rosemberg Sousa Silva, 33 anos, conta que foi agredido, detido e ameaçado de morte pelos guardas. O colega dele, Jean Carlos Oliveira dos Santos, 42, foi ferido com um disparo de munição de elastômero – mais conhecida como bala de borracha.
Rosemberg contou ter sido agredido com pistola Taser, algemado e colocado na viatura. “Quando eu já estava algemado com as mãos para trás, eles me deram três murros no estômago”, disse ele. O feirante contou ainda que só foi levado para a 13ª DT (Cajazeiras) mais de meia horas após ser detido. Os guardas o levaram para Cajazeira 5, tiraram fotos dos documentos dele e ameaçaram matá-lo e colocar arma e droga junto ao corpo caso ele denunciasse as agressões sofridas.
“O jeito que eles fizeram comigo foi igual a um traficante. Eu sou pai de família. Fui criado por pai e mãe. Nunca fui envolvido com nada de errado. Estou traumatizado. Estou com medo de trabalhar na rua”, desabafou.
Além das agressões físicas e verbais, os trabalhadores acusam os guardas municipais de darem tiros para cima. Um estojo de projétil de calibre 380 e uma munição de calibre 12 – ambos utilizados pela Guarda Municipal – foram apresentados pelos feirantes na 13ª DT (Cajazeiras).
“Toda vez é assim: eles já chegam dando tiro e espancando a gente. Eu já levei spray de pimenta na cara, choque, chute, murro e, hoje, um tiro de ‘bala de borracha’”, disse o feirante Jean Carlos Oliveira dos Santos, 42. Ele e outros trabalhadores foram à 13ª DT denunciar as agressões. “Abaixo a repressão!”, gritavam os feirantes em frente à 13ª DT.
Guarda diz que reagiu
“A Semop esteve na Rótula da Feirinha para retirar os ambulantes do local e ocorreu um conflito”, explicou a delegada Ouveranda Oliveira, titular da 13ª DT. Os quatro guardas envolvidos, os dois feirantes agredidos e uma testemunha foram ouvidos e liberados. “O feirante Rosemberg alega que os guardas levaram mais de 30 minutos para apresentá-lo na delegacia e ainda praticaram violência psicológica”, disse Washington Costa, coordenador de investigação.
Em nota, a Guarda Municipal informou que a guarnição foi acionada para mediar um conflito após um fiscal da Semop ter o braço cortado por um caixote lançado por um ambulante irregular, que tentava impedir a apreensão das mercadorias.
“Um segundo ambulante tentou atingir um segundo agente com um barrote, sendo contido com um disparo de munição de elastômero (bala de borracha)”, diz a nota. Os ambulantes afirmaram possuir boxes no Mercado Municipal de Cajazeiras, mas reclamam do movimento e continuam na Rótula.