Praia terá que somar 34 itens exigidos por ONG para obter selo
Há cerca de três anos, ir à praia deixou de fazer parte da rotina da aposentada Márcia Regina Soares, 61, que reside em Stella Maris há quase três décadas. O lixo espalhado pela areia, a falta de ordenamento das barracas e a situação precária dos banheiros públicos fizeram com que ela abandonasse este lazer, sobretudo aos finais de semana.
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Apesar dos problemas relacionados à infraestrutura, no próximo ano, a praia concorrerá ao selo Bandeira Azul, certificação internacional concedida pela organização não governamental Foundation for Environmental Education (FEE) a praias e marinas ao redor do mundo.
Para tanto, o local deve cumprir 34 exigências, relacionadas a normas relativas à qualidade ambiental, bem-estar, segurança e infraestrutura, a partir de critérios vinculados a temas como Educação e Informação Ambiental; Qualidade da Água; Gestão Ambiental; e Segurança e Serviços.
Para pleitear a certificação, serão iniciadas, no começo de 2017, obras para a requalificação dos cinco quilômetros da orla de Stella Maris, incluindo as praias do Flamengo e de Ipitanga.
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Apenas o projeto foi concluído. A prefeitura (de Salvador) ainda aguarda os recursos para licitar a obra via Prodetur
Luiz Carreira, secretário da Casa Civil
O projeto de reforma, sob a responsabilidade da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), vai envolver áreas verdes e urbanas, além de 261 metros quadrados de espaços construídos.
A requalificação terá um investimento de R$ 38 milhões por meio de contrato de financiamento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur). A previsão inicial é que a obra seja finalizada em meados de 2018.

Projeto de reforma envolverá áreas verdes e urbanas (Imagem: Divulgação)
A expectativa da prefeitura é que, três meses após a assinatura do contrato de financiamento, ocorra a licitação dos recursos. “Apenas o projeto foi concluído. A prefeitura ainda aguarda os recursos para licitar a obra via Prodetur. O processo já está avançado em Brasília junto ao governo federal, na Secretaria do Tesouro Nacional. De lá, precisa ser aprovado no Senado”, explicou o secretário da Casa Civil, Luiz Carreira.
Só uma
Em Salvador, apenas a praia da Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe é certificada
Preservação
Com a certificação, o secretário de Cidade Sustentável (Secis), André Fraga, pretende que as áreas verdes e os atributos naturais da praia, como as áreas de restinga, sejam preservadas.
“A orla de Stella Maris ainda preserva muitos atributos naturais. A ideia é manter essa característica e agregar infraestrutura adequada para a prática de esportes e lazer em geral. Desde o ano passado, estamos fazendo a análise complementar das águas, que vem apresentando bons resultados”, afirmou Fraga.
Ao todo, está prevista a instalação de 24 quiosques para comercialização de alimentos e bebidas, como acarajé, água de coco e comidas típicas. Além disso, em toda a extensão, serão erguidas dez quadras esportivas, um estacionamento com acesso à praia, ciclovia, pergolado, paisagismo, espaços para ioga e meditação, deck e mirante para observação do mar e prática de exercícios, parques infantis, área para piquenique, trilhas, horto, pista de patins e elementos de acessibilidade.

Barraqueiro Luciano se diz ansioso pelas melhorias (Foto: Luciano da Matta | Ag. A TARDE)
A obra, de acordo com o secretário Luiz Carreira, vai seguir o mesmo conceito das intervenções realizadas em Piatã e Itapuã. “O calçadão será modernizado, com novo paisagismo, mirante, espaço para massagem, base de apoio aos esportes náuticos, pistas para patins entre outros”, listou.
Meta é incluir todas as praias
A intenção da Secretaria de Cidade Sustentável (Secis) é que, nos próximos anos, todas as praias da capital baiana possam receber, pouco a pouco, a Bandeira Azul.
O processo de inclusão das praias neste tipo de certificação internacional, segundo o titular da pasta, André Fraga, integra parte do Plano de Gerenciamento Costeiro da cidade.
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A gente tenta, ao máximo, deixar o lugar apresentável, mas é muito difícil quando a gente não dispõe de lixeira e banheiro adequado para oferecer aos clientes
Luciano Antônio de Jesus, 45 anos, barraqueiro
“Existe uma orientação para que todas as praias de Salvador tenham a Bandeira Azul. No entanto, isso é um grande desafio para nós, pois temos que resolver questões que demandam tempo, como a balneabilidade e a gestão do local pela comunidade”, afirmou
Até lá, os frequentadores e comerciantes terão que driblar os incontáveis problemas de infraestrutura ao frequentar a praia. O barraqueiro Luciano Antônio de Jesus, 45, aguarda, ansioso, pela requalificação de Stella Maris.

As barracas de praia funcionam sem infraestrutura (Foto: Luciano da Matta | Ag. A TARDE)
Há cerca de 30 anos, o comerciante, que trabalha de forma autônoma, vende cerveja, refrigerantes e petiscos em uma barraca com estrutura improvisada.
“A gente tenta, ao máximo, deixar o lugar apresentável, mas é muito difícil quando a gente não dispõe de lixeira e banheiro adequado para oferecer aos clientes. Só me resta manter o meu espaço limpo e cuidar do verde ao redor”, contou.
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A Bandeira Azul consiste, também, em uma mudança de comportamento e de gestão responsável do meio ambiente
Leana Bernardi, diretora técnica do programa no Brasil
Certificação
O programa Bandeira Azul, criado em 1987 na Europa, chegou ao Brasil em 2004. O objetivo da iniciativa é elevar, por meio das exigências, o grau de conscientização dos cidadãos e gestores para a necessidade de proteger o ambiente marinho e costeiro.
“A Bandeira Azul consiste, também, em uma mudança de comportamento e de gestão responsável do meio ambiente”, completou a diretora técnica do programa no Brasil, Leana Bernardi.
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