Delegada investiga se quadrilha já há algum tempo em Camaçari
Os três policiais militares presos nesta quinta-feira, 15, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), podem ter praticado outros sequestros na região. A tese é investigada pela delegada Maria Tereza Santos Silva, titular em exercício da 18ª DT (Camaçari).
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Todos se resguardaram ao silência. Disseram que só irão se pronunciar em juízo
Maria Tereza Santos Silva, titular em exercício da 18ª DT (Camaçari)
"Tudo indica que os sequestros anteriores, praticados nas mesmas circunstâncias, tenham sido orquestrados por esse grupo", afirmou. Segundo ela, os soldados Jonas Oliveira Gois Júnior (lotado na 35ª CIPM/ Iguatemi), Henrique Paulo Chaves Costa (Batalhão de Guardas) e Ronaldo Pedro de Souza (Subcomando da PM), além de um quarto suspeito – identificado como Diogo de Souza Ricardo se negaram a colaborar com a polícia.
"Todos se resguardaram ao silência. Disseram que só irão se pronunciar em juízo", afirmou. De acordo com a delegada, a suspeita é que a quadrilha seja composta por mais integrantes. "Pelo jeito, se trata de uma organização grande. Mas, para confirmar isso, teremos que ouvir outras pessoas. Esse será o próximo passo da investigação", assinalou.
R$ 300 mil
Este é o valor cobrado de resgate, que seria referente à dívida do traficante com os PMs. Por conta deste débito, a irmã do criminoso e seu filho foram sequestrados
Alvo
Segundo a polícia, os PMs e seu comparsa foram detidos após receber o resgate pelo sequestro de uma mulher e um recém-nascido. Ela seria irmã de um traficante, que teria dívidas com o grupo. O valor cobrado pelo resgate das vítimas de R$ 300 mil seria referente à dívida contraída pelo traficante.
A mulher e o filho foram capturados em Camaçari, durante a entrega de mercadorias a um cliente. Em depoimento à delegada Alda Maria Menezes, titular da 18ª DT (Camaçari), a mulher relatou que estava com uma criança recém-nascida no momento da abordagem. Segundo ela, os sequestradores a puxaram para dentro de um veículo, onde ficou com olhos vendados.
Negociação
Em uma casa utilizada como cativeiro, os criminosos ligaram para os familiares da vítima para negociar a sua soltura. Por volta das 22h, o pai da vítima chegou ao local combinado, um posto de combustíveis na Estrada da Cetrel.
Em vez dos R$ 300 mil pedidos inicialmente, o homem pagou R$ 18 mil, entregou um veículo – também Cerato – e um som automotivo. De posse do dinheiro e dos bens materiais, os criminosos fugiram sentido Salvador.
Enquadrados
Os três policiais militares e o comparsa civil irão responder por crime de extorsão mediante sequestro, cárcere privado, formação de quadrilha e porte ilegal de armas.
No momento em que entraram na baia do pedágio, três dos quatro suspeitos – divididos em um Focus e um Cerato pratas– foram surpreendidos. O flagrante ocorreu após a denúncia de um sequestro iniciado na manhã da última quarta-feira.
Os militares foram levados para o Batalhão da PM, em Camaçari. Já Diogo de Souza Ricardo está custodiado na 18ª DT. Todos responderão por extorsão mediante sequestro, cárcere privado, formação de quadrilha e porte ilegal de armas.
Em nota, a PM informou que os suspeitos foram flagrados com o valor do resgate, o veículo e o som automotivo. No interior dos veículos, a quadrilha carregava seis pistolas, munições, celulares, algemas, placas, documentos, máscara brucutu, relógio, porta-carregadores, coldres e joias.
O material apreendido será periciado pela Corregedoria. Ao classificar o episódio como "inadmissível", o comandante-geral, coronel Anselmo Brandão, se comprometeu a adotar medidas cabíveis para demitir integrantes da corporação que não honram a farda e não assumem o compromisso de proteger a sociedade.