Ana Cristina foi apresentada pela polícia nesta sexta
O soldador Domingos do Rosário, 58 anos, chegou a levar murros e pontapés para livrar a mulher responsável pela morte do neto dele, de apenas 1 anos, de ser linchada e queimada viva pela população. Com a ajuda de quatro pessoas, ele levou Ana Cristina Menezes Lima, 48, para um local seguro e lá a manteve até a chegada dos policiais.
Ana Cristina e a filha de Domingos, Maraísa dos Santos do Rosário, 31, mantinham um relacionamento amoroso há cinco anos. A relação, conforme relatos de vizinhos e da própria Maraísa, era marcada por brigas e agressões motivadas por ciúmes.
Na noite de quita-feira, 26, após mais uma briga e agressões, Ana Cristina trancou o filho de Maraísa, Gabriel Santos Bonfim, em casa e ateou fogo ao imóvel para se vingar da companheira. A casa ficava na Rua da Prefeitura, em Periperi.
“Se eu faço justiça com minhas mãos, ia ser homicida igual a ela. Minha opção foi esperar a polícia chegar”, disse Domingos. “Ela queria tirar a vida de minha filha. Como não conseguiu, tirou a do menino”, completou. Segundo ele, mais de 100 pessoas queriam matá-la.
Ana Cristina, que é mãe de 14 filhos, foi presa em flagrante por policiais da 18ª CIPM (Periperi) e vai responder por homicídio triplamente qualificado.

A casa de Ana Cristina foi destruída (Foto: Edilson Lima | Ag. A TARDE)
Bate-papo motivou agressão - Maraísa contou que Ana Cristina é muito ciumenta e sempre que a via conversar com alguém – homem ou mulher – a agredia com garrafas de cerveja de um litro e pedaços de madeira. As cicatrizes que tem pelo corpo são dessas agressões, conforme relatou.
Ela disse ainda que, na quinta-feira (26), Ana Cristina a agrediu com duas garrafadas, uma na nunca e outra nas costas, após vê-la conversar com uma vizinha.
Maraísa então foi à 5ª DT (Periperi) prestar queixa, mas acabou saindo de lá sem fazer o registro porque o filho Gabriel chorava muito. Ela voltou para casa para alimentar o filho, mas pretendia voltar para oficializar a quixa.
Tomou o filho da mãe - De volta à localidade onde mora, Maraísa comentou com a mesma vizinha que esteve na delegacia para prestar queixa da agressão. Ana Cristina ouviu o relato. “Ela me agrediu de novo e falou que, se não me matasse, mataria meu filho. Neste momento, ela pegou meu filho da minha mão e saiu correndo. Ela trancou ele dentro de casa e meteu fogo. Depois saiu pelo telhado”, contou Maraísa.
Ela disse ainda que correu atrás de Ana Cristina assim que ela lhe tomou o filho dos braços, mas já encontrou a casa fechada e em chamas. “Não sabia que meu filho estava na casa. Só vi quando os policiais arrombaram e tiraram ele de lá”, afirmou ela, aos prantos. O corpo de Gabriel foi encontrado por profissionais do Corpo de Bombeiros Militares de Lauro de Freitas. “Foi até difícil de localizar o corpo do menino. Nós o encontramos no meio do quarto. Possivelmente ele estava em cima de uma cama que derreteu”, afirmou no tenente André Matos, comandante da unidade.
Presa conta outra coisa - No Departamento de Homicídios (DHPP), Ana Cristina disse que estava arrependida do que tinha feito e negou ter tomado a criança do colo da mãe e trancado no imóvel. “Não sabia que a criança estava [na casa]. Não peguei criança nenhuma”, disse. Ela afirmou ainda que o motivo da briga foi bebida alcoólica e só ateou fogo ao imóvel porque Maraísa ameaçou colocá-la para fora. No entanto, o imóvel pertencia a Ana Cristina.
“Temos convicção de que Ana Cristina praticou o crime propositalmente para se vingar da companheira”, afirmou a delegada Pilly Dantas, titular da 3ª Delegacia de Homicídios (DH/ Baía de Todos-os-Santos).