Média de utilização das 510 vagas nas estações é de 30 pessoas/dia
Cerca de 62% dos 192 mil passageiros diários do metrô são fruto da integração com as linhas de ônibus na capital. Entretanto, uma pequena parcela, os ciclistas, pouco têm utilizado o modal, já que a média de uso das 510 vagas nos cinco bicicletários em funcionamento é de 30 pessoas por dia.
Nos dias que antecederam o Dia Mundial sem Carro – celebrado nesta sexta, 22 –, A TARDE ouviu dos ciclistas que, mais do que seguir até as estações de bicicleta e pegar o metrô, querem transportar os equipamentos nos vagões, como ocorre mundo afora, mas com regras bem definidas.
Estatísticas
Segundo informações da CCR Metrô Bahia, atualmente, somente bicicletas dobráveis são permitidas dentro dos trens. Até o final do ano, diz a nota da concessionária, há previsão de transporte das bikes no metrô, em dias e horários restritos.
Por enquanto, os bicicletários para guardar os equipamentos estão em funcionamento somente na Linha 1, que percorre 12 km da Lapa a Pirajá, nas estações Acesso Norte (108 vagas), Retiro (108), Bonocô (108), Pirajá (108) e Bom Juá (78).
Para poder acessá-los, informa a CCR, os proprietários de bicicleta devem fazer um cadastro na estação do metrô, apresentar um documento com foto e levar comprovante de residência. Para usá-los, os ciclistas não precisam pagar nenhuma taxa extra, além da passagem do metrô.
Ao longo da avenida Paralela, 12 km dos 23 km da Linha 2 abrigam dez bicicletários prontos, mas ainda sem uso pelos ciclistas. Isso ocorre porque parte da ciclovia neste percurso ainda está sob fase final de execução, cuja conclusão das obras está prevista também para o fim do ano.
Não há dados oficiais sobre a quantidade de ciclistas na capital baiana, mas a presença deles torna-se cada vez mais frequente, em meio a uma cidade com 953.019 veículos cadastrados no Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA) até agosto passado.
Desafios
São pessoas que usam a bicicleta como hobby, esporte, para passeio, mas, sobretudo, como meio de transporte, a exemplo do porteiro Regivaldo Santos, 43 anos, que leva cerca de 40 minutos de São Marcos até o trabalho na Pituba, todos os dias. “Quando o trânsito está bom”, frisa, de imediato.
O primeiro desafio enfrentado pelo trabalhador é sair ileso no trânsito das ruas apertadas do bairro popular, onde não há ciclofaixas, tampouco ciclovias. Depois, seguir com segurança pela avenida Paralela, a mais movimentada da capital, até chegar à rua Piauí, na Pituba.
“Se pudesse seguir de bicicleta até a Estação Pituaçu, depois, levá-la pelo metrô para a Rodoviária e completar o trajeto até a Pituba, seria ótimo, já que não dá para usar a ciclovia da Paralela, ainda”, disse, ofegante, na altura do antigo Bahia Café Hall, na avenida Paralela.
Sobre “Marilda” (nome da bicicleta), o aposentado Agnaldo Meira, 68 anos, percorre toda a cidade, mas acessa a Paralela com frequência, já que é caminho de casa, em Nova Brasília. Há mais de 30 anos, ele não abre mão do transporte sustentável, segundo o qual é o “veículo do futuro”.
“Eu nunca andei nesse metrô. No dia que inaugurou a Estação Pituaçu, perguntei se podia levar a bicicleta, mas o funcionário disse que não”, lembrou. “Claro que eu não ia deixar Marilda para trás. Então, segui meu caminho com ela pela pista mesmo”, completou.