Neto e bisnetos do comandante chegaram na Ribeira nesta quarta, 25
Por volta das 15h desta quarta-feira, 25, eles observavam atentamente o local que indicava onde o navio Eber naufragou. Marcada para ser uma viagem histórica, uma família de descendentes de alemães deve mergulhar em uma aventura na enseada de Itapagipe, no bairro da Ribeira na manhã de hoje, data do centenário do episódio.
Com manuscritos e informações do Jornal A TARDE, veiculados na época, familiares do comandante do navio Eber, Alfredo Schaumburg, abordavam os pescadores da região e procuravam informações sobre o fato histórico.
Quando um dos parentes perguntou sobre o naufrágio, os pescadores que atuam na área logo responderam apontando a localização exata da embarcação. Segundo relatos de moradores e nativos da região, o navio segue danificado, por conta da ação do tempo e da pesca com bomba.
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Todo esse cenário, acompanhei por meio da narração de minha avó. Ela me contava tudo o que aconteceu aqui no dia 26 de outubro de 1917
Roberto Schaumburg, 69 anos, neto do comandante Alfredo
A vontade de garantir o mergulho, na manhã desta quinta, 26, era tanta que o aposentado, Roberto Schaumburg, 69 anos, neto do comandante Alfredo, pediu que um dos pescadores fosse conferir se realmente o navio estava ali.
Histórico
Após a confirmação do pescador, a emoção tomou conta. Roberto explica que a história da sua família tem relação intrínseca com o bairro da Ribeira. "Todo esse cenário, acompanhei por meio da narração de minha avó. Ela me contava tudo o que aconteceu aqui no dia 26 de outubro de 1917", conta.
O navio canhoneiro Eber ficou ancorado na enseada de Itapagipe entre os anos de 1914 e 1917. Com 15 tripulantes, a embarcação completava uma missão desarmada na Bahia.
Ainda na I Guerra Mundial, após uma série de ataques da Marinha Alemã contra navios Brasileiros, o presidente Venceslau Braz enviou ao Congresso um comunicado sobre a entrada do Brasil na I Guerra Mundial e, em seguida, ocupação do navio alemão Eber. Após perceber a chegada da Marinha Brasileira, o comandante Alfredo Schaumburg ordenou que o navio fosse incendiado.
Em matéria publicada na edição de 29 de outubro, após a ação, os tripulantes do Eber foram tratados como primeiros prisioneiros de guerra do Brasil e foram recolhidos à fortaleza do Barbalho, sendo depois transferidos, após um ano, para o Rio de Janeiro.

Nas edições de A TARDE de 27 e 29 de outubro de 1917, foram publicadas matérias sobre o caso
"A prisão de guerra, apesar de rigorosa como exige a lei militar, não exclui um certo conforto, que provisoriamente proporcionamos aos nossos inimigos", registrou A TARDE, sobre a chegada dos novos "hóspedes" ao Forte.
Ao lado de seus dois filhos, Felipe Colonese Schaumbburg, 35 anos, e Rafael Correia Schaumbburg, 40 anos, o neto do comandante, o aposentado Roberto explicava como surgiu a ideia de reviver os passos do avô, que como ato de honra à Marinha Alemã, afundou o navio naquela tarde.
O bisneto do comandante, Felipe Colonese, ressalta que a partir do acervo do Jornal A TARDE, na Biblioteca Central da Bahia, a família teve acesso a uma série de matérias veiculadas entre 26 e 31 de outubro de 1917.
"A cobertura de A TARDE foi de suma importância para esse momento se concretizar na nossa vida", disse Felipe sobre o processo de coleta das informações sobre o naufrágio.
* Sob a supervisão da editora Meire Oliveira